segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma história de Natal

Fui invadida pelo espírito natalino e criei a história abaixo. Espero que gostem!


Onde mora o Papai Noel?


Quando eu era criança, eu lembro que perguntava para minha mãe onde o Papai Noel morava e ela sempre me dizia que era no Pólo Norte. Eu sabia que o Pólo Norte ficava longe e sentia raiva porque queria que Papai Noel morasse perto da minha casa.
Os anos foram passando, eu cresci e deixei de acreditar que Papai Noel existia. Tive filhos e tratei de avisá-los que era eu quem dava os presentes para eles e não nenhum velhinho vestido de vermelho. Não queria que meus filhos fossem enganados como eu pensava ter sido.
Eu disse “pensava” porque o que aconteceu no Natal do ano passado me mostrou que Papai Noel existe realmente!
Deixe-me dizer o que aconteceu...
Eu sou pediatra e todo dia 25 de dezembro eu visito algum orfanato para ver se as crianças estão bem de saúde. No dia 25 de dezembro do ano passado, eu fui visitar um e assim que entrei fui rodeado pelas crianças. Pedi calmamente que formassem uma fila para que eu pudesse examiná-los melhor. Estavam todos bem e eu já me preparava para sair quando uma das senhoras que cuidava das crianças disse:
__Espere! Ainda falta examinar o Carlinhos.
Não pude conter um sorriso. Meu nome é Carlos e durante muitos anos também tinha sido chamado apenas de Carlinhos.
__E onde está ele? – perguntei
__Está lá em cima deitado na cama. Não pode descer porque quebrou a perna essa semana ao cair da árvore do quintal.
Disse que não tinha problema e que subiria para vê-lo. Começamos a subir as escadas juntos e ela sorriu ao dizer:
__Carlinhos é a nossa criança mais levada. Ele vive com os joelhos ralados de tanto correr por aí.
Paramos em frente à porta aberta do quarto onde Carlinhos estava. A cama dele era a última e foi para lá que me dirigi. Ele parecia estar dormindo, mas assim que me aproximei da cama, ele se virou e com uma expressão de enorme felicidade no rosto disse em alto e bom som:
__Papai Noel!!
__O quê?? – perguntei incrédulo. Não conseguia e nem queria acreditar que minha barba naturalmente branca, meus quilos a mais e a blusa vermelha que por pura coincidência eu tinha decidido usar iriam me deixar em tal situação.
__Papai Noel, eu estou tão feliz que você veio! Vem cá me dar um abraço! – ele disse se sentando e estendendo os bracinhos finos.
Eu tinha apenas um instante pra decidir o que fazer. Eu devia contar a verdade e frustrar a alegria daqueles olhinhos ou simplesmente aceitar ser Papai Noel por um momento e aumentar aquela alegria?
Escolhi o certo e o abracei. Por cima da cabeça de cabelos arrepiados, eu fiz sinal para que a senhora ao meu lado não revelasse minha verdadeira identidade. Ela sorriu cúmplice e eu disse:
___Carlinhos, você é um bom menino! Eu voltarei mais tarde para visitar você e as outras crianças novamente, mas agora só vim ver se está tudo bem com sua saúde.
___Eu acho que está sim! – foi a resposta animada dele.


Mesmo assim, eu o examinei como tinha feito com os outros. Ele estava bem e a perna devidamente engessada era um exemplo do que tanta saúde e energia podiam fazer com uma criança levada.
O beijei no topo da cabeça e me despedi prometendo voltar à noite.
Assim que saí do orfanato liguei para minha esposa e disse:
__Maria, eu preciso de brinquedos! Preciso que você separe todos os brinquedos velhos dos nossos filhos que ficaram guardados que iremos doá-los hoje e...
Ela me interrompeu dizendo:
__Carlos, nós já doamos todos os brinquedos que tínhamos aqui.
__Tem certeza?
__Absoluta!
Fiquei mudo e ela disse:
___Podemos comprar alguns brinquedos para doar.
___São muitas crianças. Não dará para comprar brinquedos para todas agora. – Eu respondi já lamentando o dinheiro gasto em uma bicicleta ergométrica que sabia que não iria usar.
Desliguei e liguei para outras pessoas na esperança de encontrar alguém que tivesse uns cinquenta brinquedos para doar. Em vão.
A noite chegou mais rápido do que eu desejava e eu não tinha conseguido nenhum brinquedo. Cheguei a pensar em não voltar ao orfanato, mas cheguei à conclusão de que seria muita covardia da minha parte.
Fui com uma frase pronta na ponta da língua:
“Os brinquedos ficaram no Pólo Norte, mas eu prometo que os trarei para vocês assim que possível.”
Sabia que as crianças ficariam tristes, mas estava disposto a brincar e contar histórias para eles e sabia que algumas horas assim iriam compensar a falta dos brinquedos.
Porém ao chegar lá, eu fui recebido pela mesma senhora que tinha me levado até o quarto de Carlinhos e ela, com um sorriso que ia de orelha a orelha, disse:
__Muito obrigada, Dr. Carlos! Nem sabemos como agradecer!
__Agradecer o quê?
__Os presentes que o senhor deu para as crianças.
___Mas eu não fiz isso.
___Como não? O Carlinhos disse que o senhor voltou ao quarto e entregou o presente dele e disse que deixaria os dos outros embaixo da árvore. Não sei como foi que o senhor entrou sem que eu visse, mas isso não importa! O que importa é que as crianças estão muito felizes.
Não disse nada porque a emoção me roubou a voz. Soube naquele instante que o verdadeiro Papai Noel tinha estado ali e levado aqueles presentes. Percebi naquele instante que ele não morava no Pólo Norte como dizia minha mãe.
Papai Noel mora no coração de todos que acreditam nele e está no meu desde aquela noite.
Deixe que ele more no seu coração também!
Feliz Natal

FIM

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