segunda-feira, 19 de julho de 2010



homens que tentaram matá-lo e que agora não passavam de cadáveres. Seu cavalo relinchou e ao erguer os olhos para ele, Ezequiel viu que os outros dois homens não estavam mais ali.
__Vamos embora, senhor! – chamou Sebastião.
Ezequiel pegou sua espada do chão e pôs se a seguir o amigo em silêncio, mas na sua cabeça ecoava a pergunta “Quem tinha atirado às flechas e o salvado duas vezes da morte?”.
__Alana... - murmurou Sebastião surpreso e ao ouvir o nome da irmã de Igor, Ezequiel olhou na mesma direção que o amigo e assim como ele também pôde ver Alana. Ela estava pálida, descalça e suja. Mas segurava, de modo firme, um arco e uma flecha.

IX

Vencendo a pequena distância que os separava, Ezequiel a segurou com força pelos ombros perguntando:
__O que você está fazendo aqui?
__Salvando sua vida. Agora tire suas mãos de cima de mim ou serei obrigada a machucá-lo.
Por um momento, Sebastião temeu que Ezequiel pudesse bater em Alana tamanha era a fúria que havia nos olhos dele, mas para seu alívio, ele simplesmente a soltou perguntando:
__Como conseguiu chegar até aqui se nem ao menos tem um cavalo?
__Eu saí à noite e enquanto vocês dormiam, eu andava. Não parei nem para descansar e por sorte ainda conhecia alguns atalhos.
__Atalhos?! Conhecia um caminho mais rápido e não nos disse? – perguntou Sebastião tão furioso quanto Ezequiel.
__Seu líder desprezou a minha companhia pelo simples fato de eu ser uma mulher. Portanto não merecia minha ajuda.
__Se acha que não sou digno de sua ajuda por que perdeu seu tempo matando aqueles homens?
__Eles são ladrões de estrada. Sempre ouvi falar deles, mas nunca tinha visto nenhum antes. Sei que eles sempre matam aqueles que não tem ouro para lhes dar. Então, eu com certeza seria uma vítima deles também. Tudo o que fiz foi livrar o mundo desses trastes e por uma incrível coincidência acabei salvando a vida de vocês.
Abismado com a frieza de Alana, Ezequiel ficou em silêncio.
Foi Sebastião que olhando para os lados disse:
__É melhor irmos embora daqui, afinal dois deles fugiram.
Alana colocou a flecha no arco e Ezequiel viu que ela estava pronta para atirar no primeiro que aparecesse. Ele trocou um rápido olhar com Sebastião que parecia tão ou mais surpreso que ele. Nenhum dos dois tinha visto uma mulher fazer o que Alana tinha feito. Elas nunca entravam nas lutas. Isso era coisa de homem. Alana sabia que Ezequiel a observava e por isso manteve a pose de mulher guerreira, forte e corajosa. Apesar de no fundo estar horrorizada com o que tinha feito e desejar ardentemente chorar até não ter mais lágrimas.
__Por mais que você saiba se defender eu não posso permitir que você vá sozinha até o clã das Colinas. – disse Ezequiel fazendo com que Alana se virasse para ele e com o mesmo tom frio de antes, perguntasse:
__E o que pensa em fazer? Vai me levar de volta para o meu irmão?
__Não! Esse era o certo, mas não posso perder mais tempo. Por isso, vou levá-la comigo.
Alana sentiu as pernas fraquejarem ao ver a mão estendida de Ezequiel para ela, mas respirou fundo, e retomando o controle pousou a mão sobre a dele.

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