sexta-feira, 23 de julho de 2010


Sem dizer nada, ele a colocou na garupa de seu cavalo.
Vendo a cena, Sebastião perguntou:
__Você conhece mais algum atalho para chegar até lá, Alana?
__Não. A partir de agora, o caminho até lá é um só.
Ezequiel olhou para o sol que já começava a se pôr e disse a si mesmo que chegaria até Clarissa antes que ele se pusesse novamente.
X

Devido a velocidade com que Ezequiel cavalgava Alana precisou se segurar com força na cintura dele para não cair. Sebastião vinha no outro cavalo logo atrás. Alana agradeceu o fato de ninguém estar falando porque precisava pensar em tudo o que tinha feito e se alguma lágrima rolasse por seu rosto ninguém iria perceber e logo o vento a secaria.
Com o cair da noite, ficava cada vez mais difícil para os cavalos cavalgarem pela mata fechada. Ezequiel não queria parar, mas sabia que era preciso caso não quisesse correr o risco de que algum dos cavalos enfiasse a pata em algum buraco e acabasse se machucando seriamente.
Olhando para Sebastião, ele disse:
__Vamos parar por aqui mesmo. É impossível continuar nessa escuridão!
Assim que o cavalo parou, Alana saltou dele sem esperar pela ajuda de Ezequiel e foi sentar-se embaixo de uma árvore desejando ficar sozinha, mas não demorou muito para que Ezequiel viesse para perto dela e dissesse:
__Era seu irmão quem deveria estar aqui.
Evitando olhar para ele, Alana disse:
__Ele não gosta de violência.
__Eu também não.
Surpresa, Alana o encarou e começou a dizer:
__Mas você é o líder de um clã! Eu pensei que...
__Que isso fizesse de mim um amante das batalhas?! – completou Ezequiel com um sorriso amargo, dizendo em seguida: __Não, Alana. Eu não tenho o menor prazer em guerrear.
__Mas jamais fugiria de uma batalha como o meu irmão fez, não é?
__Não, mas eu sou um guerreiro. Tão logo aprendi a andar, meu pai me ensinou a lutar, do mesmo modo que o pai dele fez com ele.
Alana encostou a cabeça no tronco da árvore atrás dela e olhando para as estrelas disse:
__Lembro de meu pai tentando ensinar meu irmão a lutar, a como manejar uma espada, mas ele não conseguia aprender. E eu só de olhar entendia e quando mostrava para o meu pai ele dizia que eu devia ter nascido homem.
__Foi com ele que você aprendeu a usar o arco e a flecha?
__Sim. Ele me disse uma vez que se eu quisesse entrar em uma batalha que fosse com o arco e a flecha porque a espada era coisa para os homens erguerem. Por isso, ele me ensinou como fazer e usar.
__Seu pai ficaria orgulhoso do que você fez hoje.
Alana mordeu o lábio inferior. Será mesmo que seu pai podia se orgulhar dela? A imagem dos dois homens mortos voltou a sua mente fazendo-a estremecer. Na ânsia de se vingar, ela não pensou que teria que matar outras pessoas além de Magnus e agora tinha dúvidas se teria coragem de tirar a vida de mais alguém mesmo que esse alguém fosse o próprio Magnus Sores. Ezequiel notou a angústia de Alana. Ela já não era mais uma mulher fria, a máscara tinha caído. Tudo o que ele via agora era uma jovem assustada que lutava desesperadamente para não chorar. Um desejo de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem o invadiu. Mas logo pensou em Clarissa e em tudo o que ela também devia estar sofrendo. Pareceu ouvir sua voz o chamando e isso fez com que ele se levantasse e fosse para perto de Sebastião que tinha acabado de fazer uma fogueira.
Com os olhos fixos no fogo, Ezequiel pensou:
“Amanhã esse pesadelo chegará ao fim.”

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