sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Décimo Segundo capítulo


12

Após uma cansativa aula de Química, Rodrigo perguntou a Miriam quando já se aproximavam do portão de saída:
__Você tem algum compromisso para hoje à tarde?
__Não, não tenho nada, por quê?
__Porque eu queria te convidar pra ir ao cinema comigo.
__Queria? Não quer mais? – perguntou Miriam rindo tentando assim disfarçar o rubor que atingia suas faces. Rodrigo sorriu mostrando suas covinhas e disse:
__Claro que quero! Você não imagina como eu quero te levar ao cinema hoje à tarde.
Miriam passou as mãos pelo cabelo sem saber o que dizer. Muitos alunos e professores também estavam saindo naquele momento, Miriam se afastou um pouco mais para que os professores Paulo e Arthur passassem entre eles. Todos falavam ao mesmo tempo fazendo com que Rodrigo tivesse que perguntar em um tom de voz mais alto:
__Que horas eu posso passar na sua casa pra te buscar?
__Pode ser às três. - Respondeu Miriam rapidamente no mesmo tom de voz dele.
__Certo, então até as três.
Rodrigo aproximou um pouco mais o rosto do dela e Miriam imaginou que ele lhe daria um beijo na face como fazia todos os dias antes de ir embora, mas para sua surpresa, os lábios dele procuraram os seus.
Foi um beijo suave e carinhoso, mas antes que Miriam pudesse abraçá-lo, ele se afastou dizendo:
__Até as três, Mi!
Miriam tentou falar, mas não conseguiu. Sua voz parecia presa na garganta. O beijo de Rodrigo era melhor do que ela esperava, muito melhor do que os que ele lhe dava em seus sonhos.
Feliz, ela levou a mão aos lábios e virou-se para ir para casa quando seus olhos encontraram os de Bruno.
Ele estava encostado em sua moto, provavelmente esperando Érica que junto com Carla e Bianca tentava convencer a professora de História em lhes dar uma nota maior pela pesquisa que haviam feito.
Miriam não entendeu o porquê de ele olhá-la tão seriamente como se estivesse furioso. Teria ele não gostado de vê-la beijando Rodrigo?
Miriam preferiu não pensar nisso, não se importava mais com o que Bruno pensava e por isso desviou o olhar encontrando no barzinho à frente Cláudio e ao lado dele um homem mais alto que estava de costas, mas que se virou rapidamente permitindo que Miriam visse seu rosto.
Era André, seu vizinho.
Desde o dia em que ele havia agredido a própria irmã que Miriam não o tinha visto mais. Paloma havia dito para sua mãe que não sabia por onde ele andava e que desde aquele dia que ele não aparecia em casa nem para dormir. E agora ele estava ali na sua frente parecendo calmo enquanto segurava uma latinha de cerveja.
Miriam desejou que eles não a tivessem visto, mas Cláudio fez animadamente um gesto com a mão chamando-a para se aproximar deles.
Mesmo a contragosto, Miriam se dirigiu até onde eles estavam e Cláudio disse:
__Oi, Miriam! Tudo bem? Eu quero que você conheça o meu primo.
Primo?! Por essa Miriam não esperava, o mundo era muito pequeno mesmo. André sorriu e disse:
__ Eu já a conheço, primo. Ela é a minha vizinha.
Cláudio olhou de André para Miriam e também sorrindo disse:
__Que legal! Não sabia que você morava na Rua das Esmeraldas, Miriam.
__É, moro. - falou Miriam incomodada com o olhar de André. Por que ele a olhava como se quisesse enxergar sua alma?
__Você tem medo de mim, não tem? - Perguntou André ficando sério de repente.
__Não, de modo algum. Claro, que não! - Respondeu Miriam rapidamente torcendo para parecer o mais sincera possível.
__Tem sim, claro que tem! Eu assustei você naquele dia quando apareci na sua janela. Lembro perfeitamente da sua cara de horror quando me viu.
Miriam ficou sem saber o que dizer, foi Cláudio que rindo disse:
__Ah, eu queria ter visto essa cena. Quem você achou que ele fosse? Algum psicopata ou algum monstro?
__Não existe nenhuma diferença entre um psicopata e um monstro. - Disse Miriam asperamente se arrependendo em seguida ao ver Cláudio parar de rir e passar a olhá-la do mesmo modo que André.
Querendo sair dali, ela disse:
__Eu tenho que ir agora. Minha mãe já está me esperando para almoçar.
__Também estou indo para casa agora. Quer uma carona? - Perguntou André e rapidamente Miriam respondeu:
__Não, obrigada. Eu acabei de lembrar que antes tenho que passar no supermercado para comprar algumas coisas que minha mãe pediu.
André riu e disse:
__Tudo bem, então!
Miriam sentiu que ficava vermelha. Ela não sabia mentir e era óbvio que André tinha notado isso.
O som do tapa que ele deu na irmã ecoou em seus ouvidos fazendo com que ela dissesse rapidamente:
__Tenho que ir agora. Tchau!
Ela se afastou deles sentindo que ainda a observavam e não pôde evitar que isso a deixasse amedrontada.
“Não há motivos para ter medo, Miriam” ela disse para sim mesma.
“Maldito beijo! Ele não tinha o direito de beijá-la. Ela não devia ter deixado, mas eu posso perdoá-la, afinal ela não sabe que pertence a mim. Ela não sabe do nosso amor. Eu errei ao parar com as ligações depois do bilhete que deixei embaixo de sua porta. Fiz isso porque sabia que tinha que falar com ela pessoalmente, contar tudo, só precisava esperar o momento certo. Mas agora eu não posso esperar mais. Tenho que falar com ela do nosso amor e vai ser hoje mesmo, mas antes eu tenho que me livrar desse idiota que a beijou.” ele pensou fechando as mãos com força para tentar controlar o ódio que estava sentindo e poder pôr o seu plano em ação.

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