terça-feira, 31 de agosto de 2010

Quarto Capítulo


4

Alguns minutos depois o telefone tocou.
__Você está com frio? - Perguntou a voz do outro lado da linha.
__Não, eu não estou com frio! E não quero mais que você ligue para a minha casa, ouviu bem?
Silêncio. Nenhuma resposta. Mas ele ainda estava do outro lado da linha, ela podia ouvir sua respiração pesada.
__Sabe de uma coisa? Você é ridículo! - Disse Miriam antes de desligar o telefone.
Um vento gelado entrou pela janela fazendo com que ela se arrepiasse. “Droga de inverno” pensou esfregando os braços e caminhando em direção a janela para fechá-la, mas antes que fizesse isso um homem apareceu.
Miriam gritou e recuou.
__Desculpe, não quis assustá-la. Sou seu novo vizinho, me mudei para cá há três semanas. - Disse o homem apontando para a casa ao lado da dela.
__O-o que você quer?
__É que me disseram que aqui mora um mecânico e eu estou com um problema com o meu carro. Pensei que ele poderia me ajudar.
__Meu pai não está, mas ele não deve demorar. Eu peço a ele para ir falar com você assim que ele chegar.
__Muito obrigado, menina e me desculpe pelo susto. Eu iria apertar a campainha, mas você me viu antes.
__Tudo bem. - Disse Miriam sem graça por ter gritado enquanto o homem se afastava sorridente tendo na mão um objeto que antes de fechar a janela, ela pôde ver que era um celular.

Quando seus pais chegaram, Miriam contou sobre o vizinho e seu pai disse:
__Hoje é meu dia de folga, mas devemos ser legais com os nossos vizinhos. Vou lá ver qual é o problema.
__Você chorou novamente, Miriam? - Perguntou sua mãe olhando-a intensamente e Miriam falou sobre a visita de Bruno.
__Isso vai passar, filha. Eu sei que vai. Eu também já gostei de rapazes que não gostavam de mim antes de conhecer o seu pai. Por isso acredite quando eu digo que isso passa.
Miriam sorriu e a mãe se dirigiu para a cozinha para preparar o almoço.
Eram quase seis horas quando o telefone tocou. Miriam olhou para ele de cara feia imaginando se seria novamente o idiota que falava que tava com frio, mas seu pai atendeu e disse em seguida:
__Para você, Miriam, é a Amanda.
__Oi, Mandinha!
__Oi, Miriam. Quer dar uma volta? Ir ao cinema, fazer alguma coisa, sei lá.
Miriam estranhou a voz da amiga. Amanda parecia estar triste.
__Podemos ir ao cinema sim, mas o que houve? Você não devia estar com o Cláudio hoje?
__Devia sim, mas eu não quero. Não depois do que ele me disse, mas eu não quero falar sobre isso.
__Entendo. Então eu vou me arrumar e dentro de uma hora no máximo eu passo aí na sua casa, tá?
__Tá. - Respondeu Amanda.
Assim que desligou, Miriam subiu as escadas correndo em direção ao quarto enquanto pensava no que Cláudio poderia ter dito de tão grave para Amanda.

Terceiro Capítulo



3

Miriam olhou-se no espelho. Sua imagem não era das melhores. Seus olhos estavam inchados e denunciavam que ela havia chorado muito durante a noite. Para sua sorte, era sábado e ela não iria precisar ir para escola.
__Você andou chorando, filha? – Perguntou Sr. Jorge assim que Miriam sentou à mesa para tomar café.
__Não. - Mentiu Miriam sem olhar para ele.
__Eu ontem vi aquele rapaz que você namorou. Como era mesmo o nome dele? Bruno?
“Ah, não! A última coisa que eu quero falar é sobre ele.” Pensou limitando-se a fazer um gesto afirmativo com a cabeça enquanto passava manteiga no pão.
__Ele estava abraçado com uma garota.
“Érica” pensou Miriam fechando os olhos com força por um instante.
__Você é muito mais bonita que a jovem com quem ele estava abraçado ontem. Se ele não enxerga isso é porque é um idiota e você não deve chorar por um idiota.
Miriam olhou para o pai com carinho e sorriu. Sabia que apenas ele podia dizer que ela era mais bonita do que Érica, mas depois do que Bruno havia feito na noite passada, ela tinha que concordar com a parte que dizia que ele era um idiota.
Um pouco mais tarde, os pais de Miriam saíram para fazer compras e ela ligou o rádio enquanto varria a sala.
Uma música animada tocava, fazendo com que ela aumentasse o volume e começasse a cantar e dançar afastando assim a tristeza que sentia.
A campainha tocou e Miriam correu para olhar pelo olho mágico da porta antes de abrir, sentindo seu coração quase parar de bater ao ver que era Bruno quem estava ali.
“Eu não vou abrir” pensou cruzando os braços em frente ao corpo, mas o som da campainha se fez ouvir novamente e após respirar fundo, ela olhou rapidamente para a sua imagem refletida no espelho.
Seus cabelos estavam presos em um coque frouxo, ela os soltou e os ajeitou com os dedos. Sua respiração estava acelerada em parte pelo fato dela ter dançado como uma louca e em parte por saber que Bruno estava do outro lado da porta.
Mais uma vez a campainha tocou insistente e mesmo sem saber o que dizer para ele, Miriam abriu a porta.
__Oi, Mi. - Ele disse sem jeito perguntando em seguida: __Posso entrar? Eu preciso falar com você.
Miriam abriu mais a porta e ele entrou. Durante segundos, eles ficaram em silêncio, apenas se olhando. Foi Miriam a primeira a falar:
__E então? O que é que você tem pra me dizer?
__Bem, primeiro eu quero te pedir desculpas por ontem. Aconteceu um imprevisto, eu tive que...
__Por favor, diga logo o que você quer porque eu tenho muito que fazer hoje.
__Eu sinto sua falta, Miriam.
Miriam sentiu vontade de se atirar nos braços dele e dizer que também sentia muito a falta dele, mas ao invés disso perguntou:
__E a Érica?
__A Érica é a minha namorada, eu gosto muito dela. Na verdade eu estou apaixonado por ela.
__Então por que você está aqui dizendo que sente a minha falta?
__Porque além de namorados, nós éramos amigos. Você era a minha melhor amiga e desde que eu comecei a namorar a Érica que mal nos falamos. Por isso que eu queria conversar com você. Para que pudéssemos ter a nossa amizade de volta. Eu sinto muita falta de conversar com você.
“Amigos”?!”Conversar”?!Era doloroso demais ouvir aquelas palavras dele. Sem conseguir agüentar mais aquela tortura, Miriam abriu a porta e apontou para a rua dizendo com a voz ligeiramente trêmula:
__Eu sinto muito, mas não posso continuar sendo sua amiga. Aliás, eu prefiro que você finja não me conhecer quando me vir em algum lugar porque é exatamente isso que eu vou fazer quando te encontrar de hoje em diante.
Bruno olhou-a surpreso, mas depois disse em um tom de voz magoado:
__Tudo bem. Vou fazer isso.
Miriam fechou com força a porta atrás dele assim que ele saiu e se encostou a ela sem poder conter os soluços doloridos que escapavam de seus lábios enquanto grossas lágrimas rolavam por seu rosto.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

2 Capítulo



2
Eram quase cinco horas da tarde quando o telefone tocou e ao atendê-lo, Miriam ouviu a mesma voz da noite anterior perguntando:
__Você está com frio?
__Escuta aqui palhaço, eu não tenho tempo para brincadeiras, ouviu? Vai perturbar a sua mãe!
E desligou o telefone.
__Com quem você estava gritando no telefone, Miriam? - Perguntou sua mãe vindo da cozinha.
__Ah, com um idiota que não tinha nada mais importante pra fazer do que perturbar os outros.
O telefone tocou novamente e Miriam atendeu pronta para gritar de novo, mas para sua surpresa a voz masculina que ouvia agora era conhecida. Muito conhecida. Era de Bruno.
__Oi, Miriam. Eu tava querendo falar com você.
__Pode falar, Bruno. - Disse tentando parecer o mais natural possível embora sentisse o coração na garganta.
__Por telefone não dá. Será que podemos nos encontrar na pracinha? Naquela pracinha onde começamos a namorar?
__Eu acho melhor nós não... - começou a dizer Miriam, mas Bruno a interrompeu dizendo:
__Te espero lá hoje às oito. Tudo bem pra você?
Quando Bruno falava daquele modo tão decidido ficava impossível dizer não pra ele e foi por isso que após pensar um pouco, Miriam respondeu:
__Tudo bem, estarei lá às oito.

Dez para as oito, Miriam já estava sentada em um banco de pedra na pracinha esperando por Bruno.
Oito horas e Bruno ainda não tinha chegado, mas ela o conhecia bem e sabia que ser pontual não era uma característica dele.
Oito e dez, Miriam começou a esfregar uma mão na outra na tentativa de espantar o frio e o nervosismo. Em vão.
Oito e quinze, Miriam sentiu que alguém a observava e olhou ao redor, mas não havia ninguém por perto. Ao longe era possível ver um pipoqueiro empurrando seu carrinho de pipoca. Cada vez mais nervosa ela passou as mãos pelo cabelo colocando alguns fios por trás da orelha.
Oito e meia, Miriam começou a ter a horrível sensação de que Bruno não iria mais aparecer. “Por que ele fez isso comigo? Eu não deveria ter vindo! Não deveria estar aqui! Sou uma idiota mesmo!” pensou enquanto tentava decidir se continuava ali sentada ou voltava para casa. Por fim acabou resolvendo ficar mais um pouco.
Oito e quarenta, um morcego voou baixo assustando Miriam que se levantou de um pulo e foi para casa dizendo a si mesma que nunca mais iria querer ver Bruno na sua frente.
Ele a viu caminhar rapidamente. Podia perceber que ela estava sofrendo. Podia perceber que ela sentia frio do mesmo modo que ele também estava sentindo.
Ele a tinha visto sentada na pracinha, tinha desejado abraçá-la, mas ao perceber que ela havia notado que era observada, se conteve escondendo-se atrás de uma árvore.
Ele tinha que se controlar, não podia pôr tudo a perder. Tinha que continuar com o seu plano e só assim iria conseguir ter o amor dela e acabar de uma vez com o frio que sentia.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Você está com frio?



Olá!

Voltei, como tinha prometido, com o primeiro capítulo do livro "Você está com frio?"

1

Miriam acordou com o barulho do telefone tocando. Zonza de sono, ela o retirou do gancho e ouviu uma voz masculina perguntar:
__Você está com frio?
Sem entender, ela perguntou:
__Quem está falando?
__Alguém que está com muito frio.
__E o que eu tenho a ver com isso? - perguntou Miriam impaciente.
Dessa vez não houve resposta. Apenas o som de uma respiração pesada indicava que alguém ainda estava do outro lado da linha.
Irritada, Miriam desligou o telefone e voltou para a cama.
Não muito longe dali, ele ainda segurava o fone junto ao ouvido, ansiando poder ouvir novamente a voz dela.

Miriam olhava para o quadro negro a sua frente quando ouviu Érica dizer para outras garotas:
__Bruno é tão carinhoso! Ele me deu flores ontem e me disse que está completamente apaixonado por mim e que nunca se sentiu assim antes.
Miriam mordeu o lábio inferior e fechou os olhos com força. Ainda era doloroso ouvir Érica contar detalhes de seu relacionamento com Bruno.
Amanda que estava sentada ao seu lado, disse furiosa:
__Ela é tão ridícula! Fica falando essas coisas só pra te irritar, só porque sabe que você ainda gosta dele.
__Eu não gosto mais dele! Por mim ela pode dizer o que quiser! Eu não me importo. - Disse Miriam dando de ombros e para mudar de assunto, falou: __Ontem à noite, eu recebi um telefonema estranho.
__Estranho? Como assim?
__Uma voz de homem que eu nunca ouvi na vida, me perguntou se eu estava com frio e depois disse que ele estava com muito frio.
__E aí?
__Aí eu desliguei.
__Nossa, sinistro! - Exclamou Amanda arregalando os olhos, Miriam não pôde deixar de rir da expressão assustada da amiga. Amanda sempre se impressionava com muita facilidade.

Quando o sinal tocou avisando que a aula tinha terminado, Miriam olhou para Amanda e perguntou:
__ Quer ir almoçar lá em casa?
__Ah, hoje não vai dar, Mi. É que eu fiquei de ir ao Shopping depois da aula com o Cláudio. Nós vamos comer um sanduíche por lá mesmo. Quer ir com a gente?
__E ficar de vela? Não, obrigada! - Respondeu Miriam rindo, mas logo seu sorriso se desfez quando ao se aproximar do portão viu Bruno beijando Érica.
O ciúmes trouxe lágrimas aos seus olhos e para evitar que a vissem daquele jeito, ela deu tchau para Amanda e se afastou desejando chegar em casa o mais rápido possível para que pudesse se trancar no quarto, se jogar na cama e chorar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Retornando

Após dias sem postar nada, eu voltei. Espero que tenham curtido a história anterior. Eu gostei tanto dela que estou trabalhando em uma continuação. Dessa vez o foco será a vida amorosa de Clarissa. Só posso adiantar que criei para ela alguém tão adorável quanto o Ezequiel.

Em breve, eu irei começar a postar aqui a história "Você está com frio?" para que todos possam conhecer a história de Míriam Campanatti.

Hoje, eu preparei uma lista de dez livros que li e gostei:

As cinco pessoas que você encontra no céu (Mitch Albom)- Demorei muito para decidir ler esse livro. Imaginei que fosse um daqueles livros de auto-ajuda que só ajudam ao autor, mas assim que li a primeira página eu fiquei encantada pela história.O autor escreve de um modo que nos faz não querer parar de ler. A imagem que ele tem do céu e do que acontece conosco quando morremos é tocante, diferente de tudo o que já tinha lido. Uma história simplesmente linda!

* Para quem, infelizmente não gosta ou não está com tempo para ler o livro, pode encontrar o filme em DVD nas locadoras. Não vi o filme, mas me falaram que está fiel ao livro.

Quem manda em mim sou eu (Fanny Abramovich) - Li esse livro quando ainda era adolescente e me identifiquei com várias situações pelas quais passam a personagem principal da história. De um modo muito engraçado, ela expõe suas idéias, dúvidas existencias, medos. Diante dos olhos do leitor, ela vai crescendo e amadurecendo a cada relacionamento que não dá certo, a cada discussão com os pais. Mesmo não falando das atuais ferramentas como orkut, twitter, blogs..., muitas adolescentes ainda irão se identificar com essa jovem.


Pecados Sagrados (Nora Roberts) - Esse é para quem curte um bom suspense policial. Nora Roberts, uma das mais famosas escritoras da atualidade, cria vários personagens envolventes nessa trama. Impossível não se apaixonar pelo detetive Ben e não torcer pelo romance dele com a psicóloga Tess. O destino dos dois se cruza quando mulheres que possuem as mesmas características físicas começam a aparecer mortas e junto dos corpos é deixado um bilhete onde diz "Seus pecados serão perdoados". Apesar de ter achado que o assassino foi alguém óbvio demais, eu gostei muito desse livro.

*Quem também se encantar com o casal Tess e Ben poderá encontrá-los no livro Virtude Indecente, porém nesse eles não são os principais. Esse suspense poderia ser melhor se a escritora não tivesse preferido dar mais destaque ao romance dos personagens principais que não tiveram o mesmo charme e encanto de Ben e Tess.


Uma luz no fim do túnel (Ganymédes José) - Essa história não é bonita e nem um pouco legal, mas é extremamente necessária! Todos os professores deveriam pedir que seus alunos lessem esse livro que fala de dois jovens que entram no horrível mundo das drogas. Os leitores acompanham, com riqueza de detalhes, a decadência deles. Li quando era adolescente e talvez tenha sido devido a tudo o que li que nunca tive vontade de entrar nesse mundo cruel.


A casa do penhasco (Agatha Christie) - Não poderia deixar um livro da dama do crime de fora. Li vários dela que são ótimos, mas esse foi o primeiro que me chamou a atenção por acreditar que ninguém consegue adivinhar quem é o culpado nessa história. Cheguei a reler o livro porque a principio achei que a escritora tinha errado e que a pessoa que ela tinha escolhido não podia ter cometido os crimes, mas que nada! Tudo se encaixava perfeitamente bem! Uma história que só uma mente privilegiada como a dela poderia escrever.Nem vou falar mais para não correr o risco de acabar entregando alguma pista.

Sem cachimbo nem boné (Isa Silveira Leal) - Esse adorável livro conta a história de cinco garotas - "nada além de 18 anos" que fazem um cruzeiro a Bahia com a avó. O livro é uma verdadeira viagem. Ouvimos do guia explicações sobre a cidade, nos divertimos com o romance a bordo e com o misterioso desaparecimento de um valioso anel que faz com que as cinco jovens resolvem dar uma de detetive. Leitura leve e deliciosa para todas as idades.

Nada dura para sempre (Sidney Sheldon) - O livro conta a história de três jovens médicas que se tornam amigas e decidem morar no mesmo apartamento. Ao longo da história conhecemos seus amores, família, amigos e principalmente o modo como cada uma lida com a medicina. Uma história impactante, cheia de reviravoltas que prende nossa atenção a cada página.

O fantasma de Lady Constance (Barbara Cartland) - Barbara Cartland é conhecida mundialmente por suas obras que falam sempre de amores puros que transformam um beijo em algo sublime. Em uma época em que o sexo anda tão banalizado, vale a pena ler e se encantar com qualquer livro dessa escritora. Aqui eu destaco "O fantasma de Lady Constance" que conta a história de uma jovem que se disfarça da fantasma do título para poder avisar ao homem que ama que a mulher com quem ele planeja se casar o está traindo.Lindinho!

* Os livros dela são facilmente encontrados em sebo pelo valor de R$2,00.

O escaravelho do diabo (Lúcia Machado de Almeida) - Nesse ótimo livro de suspense pessoas ruivas recebem um escaravelho antes de morrerem misteriosamente. Alberto, um jovem estudante de medicina e irmão de uma das vítimas parte em uma busca incessante pelo culpado.

* Há alguns anos li, não me recordo onde, que iriam fazer um filme baseado nesse livro. Espero que façam mesmo porque com certeza será um sucesso!

A vidente (R.L.Stine) - Esse livro faz parte da série Rua do Medo, mas cada história tem seu começo,meio e fim sem dependerem de outras. Essa, das poucas que li dessa série, é a melhor. Conta a história de uma jovem, que como o título diz, é vidente. Suas visões atrapalham sua vida e a assustam profundamente, mas pioram após ela encontrar o corpo de uma jovem assassinada.Em poucas páginas, com uma linguagem simples e atual, nós temos um ótimo suspense sobrenatural focado para o público adolescente, mas que irá agradar aos que já passaram dessa fase.

Outro dia volto com mais dicas!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010



__Sim, era isso o que eu ia dizer.
Clarissa ficou um instante em silêncio e depois perguntou:
__E você iria sacrificar seus sentimentos para fazer o que achava certo?
__Meus sentimentos estão confusos, Clarissa.
__Não, não estão, Ezequiel. Pelo menos para mim, eles estão claros o suficiente. E quer saber o que eu vejo?
Ezequiel a olhou sem nada dizer e ela continuou:
__Eu vejo um homem que acreditava amar uma mulher até descobrir que estava errado porque o que ele pensava ser amor era pequeno demais diante de um novo sentimento que uma outra mulher o despertou. Eu vejo um homem que não queria estar aqui olhando para mim agora e sim estar ao lado dela, mas eu vejo também que ele não vai admitir isso porque ele não quer me magoar. O carinho que eu vejo que esse homem sente por mim fez com que ele não desistisse de me salvar e iria fazer com que ele casasse comigo e guardasse para sempre seu grande amor dentro do peito.
Ezequiel queria poder negar cada palavra, mas não podia. Então tudo o que ele disse foi:
__Eu sinto muito por estar fazendo você ver isso.
Clarissa pousou a mão sobre a dele e disse:
__Não é culpa sua. Não é culpa de ninguém. Simplesmente aconteceu e eu não posso permitir que você despreze o verdadeiro amor que a vida está te oferecendo.
__O que quer que eu faça?
__Entregue esse anel para a mulher que o seu coração escolheu.
__Mas e você?
__E eu? Eu ficarei bem. Sei que a vida também me reserva um grande amor. Agora vá e seja feliz porque é assim que eu quero te ver sempre.
Ezequiel sorriu e a beijou respeitosamente na testa. Podia não amá-la mais como mulher, mas continuava nutrindo e sempre iria nutrir um afeto profundo por ela.
Quando ele saiu, as crianças entraram animadas querendo saber o final da história.
E Ezequiel também queria saber como a sua história terminaria. Ele queria o seu final feliz e para isso montou em seu cavalo e partiu em direção ao Clã das Colinas.

XXII
Alana ensinava as crianças a utilizarem o arco e a flecha quando ouviu o som de um cavalo se aproximando. Vendo que os guerreiros não estavam por perto, ela pegou o seu arco e flecha e se preparou para enfrentar o desconhecido, mas quando se virou e seus olhos encontraram Ezequiel, seu coração acelerou e ela ficou imóvel sem saber o que fazer. Desmontando do cavalo, Ezequiel se aproximou e olhando para o arco e a flecha das mãos dela, disse:
__Não era bem assim que eu esperava ser recebido.
__E como esperava? – ela perguntou com a voz enrouquecida pela emoção.
Sorrindo e sem desviar os olhos dos dela, Ezequiel retirou o arco e a flecha que ela segurava e atirando-os no chão, disse:
__Esperava te encontrar com os braços livres para me abraçar assim.
Ezequiel a trouxe para perto de seu corpo fazendo com que as batidas do coração dela aumentassem.
__Eu pensei que nunca mais fosse te ver, pensei que você fosse se casar com... – ela começou a dizer, com a voz ligeiramente trêmula, mas Ezequiel encostou a testa na dela e falou tudo o que ela tinha sonhado em ouvir nos últimos dias:
__Não poderia me casar com outra mulher quando é você quem está nos meus pensamentos, no meu coração e na minha alma.
Alana abriu a boca para dizer o quanto o amava e o quanto estava feliz, mas Ezequiel a silenciou com um beijo que tornava as palavras desnecessárias.

O sol começou a desaparecer por trás da montanha dando a terra um tom avermelhado. Ezequiel Villar achou que o tom era perfeito para aquele dia. O dia em que estava se casando com Alana Ruarte, a jovem guerreira que ele amava mais do que tudo.
Vendo a felicidade dos dois, todos os membros do Clã dos Rochedos e do Clã das Colinas abençoaram a união.


FIM

terça-feira, 10 de agosto de 2010



Resistindo ao desejo de olhar para trás e vê-la mais uma vez, Ezequiel ergueu Clarissa nos braços e a colocou sobre seu cavalo. Quando se preparava para montá-lo ouviu a voz de Rosália dizer:
__Irá casar com ela por amor ou por achar que é o certo? Lembre-se de que o certo é casar por amor.
Mesmo sem saber o que responder, Ezequiel olhou para trás, mas Rosália não estava ali. Ela estava dentro do castelo com os outros.
__O que foi meu amor? – perguntou Clarissa tocando-o no braço.
__Nada. Não foi nada. Vamos embora!
Clarissa encostou o rosto nas costas de Ezequiel e enquanto se distanciavam do castelo, ele desejou poder voltar a amá-la como tinha certeza de que tinha amado antes de conhecer Alana.

Da janela, Alana viu Ezequiel e os outros sumirem na escuridão e se perguntou se algum dia iria vê-lo novamente.
__Eu não estava conseguindo ver o que iria acontecer hoje, mas posso tentar ver agora o que acontecerá no futuro. Deseja saber se os destinos de vocês ainda irão se cruzar? – perguntou Rosália afagando os cabelos dela.
Alana respirou fundo e disse:
__Não estou pronta para ouvir um não. Por isso, vou me permitir permanecer na dúvida. Pelo menos, terei a esperança como companheira.


XXI

Os guerreiros do clã da Colina trabalhavam dia e noite na reconstrução das casas do Clã dos Rochedos. Ezequiel acompanhava o trabalho deles tentando demonstrar a mesma animação que seus companheiros embora seu coração continuasse inquieto, reclamando de saudade. Saudades de Alana.
“Como era possível alguém ter se tornado tão importante em tão pouco tempo?” – ele se perguntava quando um dos guerreiros veio correndo em sua direção dizendo:
__Senhor, Veja o que eu encontrei caído no chão.
Ezequiel olhou para a mão do rapaz e viu o anel que ele iria dar para Clarissa. O anel de casamento que ele tinha perdido ao levar uma flechada.
Pegando-o, Ezequiel, disse, sem conseguir disfarçar a tristeza:
__Obrigado. Era o que faltava para eu poder casar.

Clarissa lia para algumas crianças quando Ezequiel se aproximou e disse:
__Podemos falar a sós?
__Claro! Crianças, vocês podem esperar lá fora um pouco, por favor? Prometo que termino de contar a história depois.
Uma a uma as crianças foram saindo. A se ver sozinho com Clarissa, Ezequiel disse:
__Encontraram o nosso anel de casamento.
__Nosso anel de casamento?
__Sim, nosso.
__Ainda deseja me dar esse anel?
A pergunta dela o deixou sem fala. Diante do silêncio dele, Clarissa voltou a perguntar:
__Ainda deseja me dar esse anel, Ezequiel?
__Por que está me perguntando isso?
__Por que não vejo mais nenhum brilho nos seus olhos.
__Brilho?
__Sim, brilho. Havia um brilho neles quando estávamos juntos que eu não vejo mais. Não vejo desde o dia em que me resgatou. O que houve com aquele brilho, Ezequiel?
__Eu não sei, mas isso não importa, nós vamos casar e...
__Não. Nós não vamos casar! – ela disse com firmeza deixando-o atônito.
Quando recobrou a fala, Ezequiel perguntou:
__Por que não?
__Porque eu sei que você não me ama e sem amor não há motivo para ter casamento.
Ezequiel lembrou que tinha acreditado ouvir Rosália dizer algo parecido quando ele se preparava para partir e olhou para Clarissa dizendo:
__Achei que era o certo a fazer porque já tinha escolhido você para ser minha esposa antes de... – ele se calou sem saber o que acrescentar e Clarissa perguntou com suavidade:
__Antes de conhecer Alana? Era isso o que ia dizer?
A suavidade na voz dela não permitia mentiras e mesmo que permitisse Ezequiel não faria isso com ela.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010



XX

Ezequiel abraçou Clarissa com carinho enquanto Sebastião ia soltar as outras mulheres do clã que estavam presas em uma outra torre do castelo. Um a um os guerreiros do clã foram acordando e Rosália tratou de explicar a eles tudo o que tinha acontecido, acrescentando no final:
__Então, agora que Magnus está morto. O novo Senhor do clã das Colinas será Igor Ruarte, filho de Valter Ruarte.
Surpreso com a notícia, Igor olhou para Alana e perguntou:
__O que acha disso?
__Acho que o clã não poderia ter um Senhor melhor.
Igor sorriu para a irmã, mas ela não viu seu sorriso, seus olhos já estavam sobre Ezequiel que continuava abraçado à noiva. Não demorou muito para que Sebastião aparecesse com as mulheres do clã que ainda estavam muito assustadas.
Vendo-as, Igor disse:
__Como novo Senhor do Clã das Colinas eu peço que as senhoras perdoem a brutalidade dos meus guerreiros porque eles não sabiam o que faziam, estavam sob o domínio de um poderoso bruxo.
As mulheres nada disseram. Foi Ezequiel que disse:
__Em nome do Clã dos Rochedos, eu perdôo seus guerreiros e garanto que eles serão bem recebidos caso algum dia precisem pisar nas minhas terras.
__Fico feliz em saber disso, Ezequiel porque eles irão ajudar a reconstruir tudo o que destruíram a mando de Magnus.
Ezequiel sorriu e estendeu a mão para Igor dizendo:
__Obrigado por tudo.
__Eu recuperei minha casa, minha posição, minha dignidade. Se alguém tem que agradecer, esse alguém sou eu.
Alana sentiu como se uma mão fria segurasse seu coração. O momento de dizer adeus tinha chegado e ela não podia pedir a Ezequiel que ficasse nem que a levasse com ele. Ele já tinha uma mulher para levar e foi essa mulher que sorrindo falou:
__Você foi muito corajosa! Nunca tinha visto uma mulher usando arco e flecha!
__Só fiz o que precisava ser feito.
__Mesmo assim, aceite a minha eterna gratidão.
Alana desejou que aquela tortura acabasse logo porque não sabia por mais quanto tempo iria conseguir conter as lágrimas. Vendo a tristeza nos olhos dela, Ezequiel preferiu não se despedir. Ele não sabia o que dizer e temia acabar por deixar transparecer o quanto queria abraçá-la e beijá-la de novo. Clarissa estava abraçada a ele e era só nela que ele devia pensar daquele momento em diante.
Ao vê-lo se afastar sem falar com ela, Alana permitiu que as lágrimas corressem livremente por seu rosto. Sebastião colocou a mão sobre seu ombro e disse:
__Seja feliz, jovem guerreira!
As palavras dele aumentaram sua dor já que estava vendo sua felicidade partir.

domingo, 8 de agosto de 2010



__Solte-a agora! – disse Ezequiel indo na direção dele com a espada erguida.
__Não!
__Você não está em condições de negar nada, Magnus. Deixe-a ir! – disse Rosália se aproximando.
Magnus a olhou furioso e gritou:
__Você sabia que eles iriam vir e não me avisou?! Sua traidora! Eu vou matar você!
Alana ergueu o arco e apontou a flecha na direção da cabeça de Magnus dizendo:
__Se existe alguém que corre o risco de morrer hoje é você porque apesar de ter correndo em minhas veias, o mesmo sangue que o seu, eu não pensarei duas vezes em atirar se você não fizer o que Ezequiel está mandando!
Magnus olhou-a com ódio e desejou poder matá-la. Desejou poder matar todos eles, mas sabia que não podia fazer isso. Ele tinha perdido. Tinha fracassado. Pensou em sua mãe, do modo como ela desistiu da própria vida por ele, e no mesmo instante, o ódio começou a ir embora e no lugar ficou apenas uma grande tristeza. Aos poucos ele afrouxou a pressão sobre os cabelos de Clarissa e olhou para Ezequiel dizendo:
__Vou entregar sua noiva, mas preciso que me dê sua palavra de honra que vocês não irão me matar.
Sem tirar os olhos dos dele, Ezequiel abaixou a espada e disse:
__Você tem a minha palavra.
No mesmo instante, Magnus jogou Clarissa nos braços dele e com a certeza de que não seria seguido, caminhou em direção a janela.
Percebendo a intenção dele, Rosália disse com a voz embargada: __Vá para perto de sua mãe.
Foi a última coisa que Magnus ouviu antes de fechar os olhos e se atirar de encontro a morte.

sábado, 7 de agosto de 2010



Nas horas que se seguiram, Ezequiel ficou o mais afastado que pôde de Alana enquanto esperava que o sol começasse a se pôr. Ela, por sua vez, tentava fixar a atenção no irmão que se esforçava para aprender a lutar, mas seus pensamentos estavam todos voltados para Ezequiel e as sensações que o beijo dele tinha provocado. Apesar de saber que ele iria casar com outra, não conseguia parar de desejá-lo e se recriminava por isso.
“Eu vou conseguir esquecê-lo um dia.” – ela pensou, mas a dor que sentia em seu peito parecia dizer que isso seria impossível.
Quando finalmente o sol começou a se pôr, Ezequiel se levantou e montando em seu cavalo disse:
__Vamos entrar no castelo agora!
Sabendo que Ezequiel não a queria por perto, Alana montou no cavalo de Sebastião deixando que seu irmão fosse na garupa do cavalo de Ezequiel. Instantes depois, os dois cavalos partiam em alta velocidade levando três homens e uma mulher para, o que eles acreditavam que seria a maior batalha da vida deles.

XIX

Rosália mantia a cabeça erguida na espera de parecer o mais natural possível embora estivesse apavorada com o que iria acontecer nos próximos minutos já que as águas se recusavam a lhe dar essa resposta.
Os guerreiros do clã começaram a desmaiar, um a um. Tremendo dos pés a cabeça, Clarissa perguntou:
__O que está acontecendo?
__Nada que você não irá resolver minha querida. – respondeu Magnus acariciando os cabelos loiros dela que se encolhendo o máximo que pôde gritou:
__Não me toque!
Magnus gargalhou sinistramente e a tomou nos braços. Clarissa se debateu, mas sem se importar com isso, ele a carregou para a cama. Clarissa chorou quando sentiu seu corpo afundar no colchão macio. Após dias presa dentro de uma torre, seu pior pesadelo estava prestes a se concretizar e ela não sabia o que fazer para impedir.
__Não chore. Serei gentil com você! – ele disse enquanto se afastava para começar a se despir. Vendo nessa pequena distância, o momento para fugir, Clarissa correu rapidamente em direção a porta. Irritado, Magnus jogou a camisa que tinha acabado de tirar no chão e correu atrás dela dizendo:
__Não adianta fugir do inevitável!
Cega pelas lágrimas, Clarissa tropeçou em um guerreiro que estava desmaiado no chão e caiu. Pegando-a pelos cabelos, Magnos a ergueu e quando ia começar a puxá-la para dentro do quarto novamente a porta do grande salão foi aberta com um grande estrondo e por ela entrou o Senhor do Clã dos Rochedos seguido por Sebastião, Igor e Alana.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010



XVIII

O silêncio perturbador entre os dois foi quebrado por Igor que acordou dizendo:
__Preciso aprender a manejar uma espada porque posso precisar lutar hoje à noite.
Virando-se para ele e tentando demonstrar uma calma que estava longe de sentir, Ezequiel disse:
__Não creio que será necessário, Igor. Aliás, você e sua irmã não precisam entrar no castelo conosco.
__Como não?! – perguntou Alana com a voz trêmula e sem olhar para ela, Ezequiel respondeu:
__Sebastião e eu atacaremos no momento em que Magnus perder seus poderes e os guerreiros do clã estiverem desmaiados. Ele e eu seremos mais do que suficientes para derrotar Magnus.
__Entendo. Então é melhor que Alana e eu voltemos para casa.
__Não, Igor! Eu não vou voltar! Vou até o fim! – disse Alana e sua voz agora já tinha a força que Ezequiel tanto admirava, mas mesmo assim, ele teve que dizer:
__Poderá ser perigoso!
__Perigoso? Pelo o que você acabou de dizer tudo será simples demais. Por que está se contradizendo, Senhor do Clã dos Rochedos?
A acidez no tom de voz dela fez o sangue de Ezequiel ferver e sem pensar, ele gritou:
__Por que não quero que você morra!
__Então não me afaste de você!
Sebastião e Igor os olharam boquiabertos, mas Ezequiel já não os enxergava mais. Seus olhos estavam presos nos de Alana que tinha os olhos brilhantes de lágrimas. Sentindo um aperto no peito, ele se viu dizendo:
__ Não há outra solução para nós, Alana. Iremos nos afastar mais cedo ou mais tarde.
__Então que seja mais tarde. Eu realmente quero ajudá-lo a salvar a mulher que você ama.
Ezequiel desviou os olhos dos dela e disse:
__Tudo bem, então. Se as coisas não saírem como Rosália nos contou, as suas flechas serão de grande ajuda.
__Se minha irmã fica eu também fico. – disse Igor de modo firme.
Desembainhando sua espada e pegando uma outra que estava presa ao cavalo, Sebastião disse:
__Então venha aprender a lutar como um guerreiro, rapaz.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010


XVII

Ainda não tinha amanhecido quando, após mais uma noite mal dormida, Ezequiel acordou. Seus olhos logo procuraram por Alana que dormia ao lado do irmão. Vendo-a tão serena, ele não pôde deixar de desejar tocá-la. Era só esticar seu braço que poderia sentir a maciez de seu rosto.
“Não deveria estar pensando isso!” – ele disse a si mesmo enquanto se levantava e olhava para o céu à espera que de lá viesse à serenidade que ele precisava para enfrentar aquele dia.
O silêncio em sua volta era um convite à paz e ele fechou os olhos, pronto para se entregar aquela sensação e teria conseguido se não sentisse a mão de Alana pousar suavemente sobre seu braço e a ouvisse dizer:
__Tudo irá dar certo hoje, Ezequiel.
O leve toque teve o poder de fazer com que seu coração corresse mais rápido pelas veias, mas, tentando ignorar isso, ele engoliu em seco e abrindo os olhos, virou-se para ela dizendo:
__Queria ter essa certeza.
__Por que está falando assim? Onde está o homem confiante que eu conheço?
__Você não me conhece, Alana. Alguns dias juntos não são suficientes para se conhecer alguém de verdade.
__Eu posso não conhecer você por inteiro, mas pelo pouco que vi e ouvi sei que você possui a honra e a coragem que todos os homens deveriam ter.
__Eu sou o líder de um clã. É meu dever ser assim.
__Meu pai também era um líder de um clã, mas não agiu como um homem honrado ao renegar um filho. Magnus também é um líder, mas demonstra ser um covarde ao apelar para feitiços para conseguir o que deseja.
Ezequiel a olhou por um instante e sem poder se conter tocou-a na face com a ponta dos dedos dizendo:
__Se você fosse um homem, eu tenho certeza de que seria um grande líder.
__Mas, infelizmente, eu sou apenas uma mulher... – murmurou Alana fechando os olhos e encostando mais o rosto na palma da mão dele.
Sentindo-se consumido por um fogo interno, Ezequiel perdeu todo o controle que ainda tinha sobre si e esquecendo de tudo o mais deu um passo em direção a Alana e cobriu os lábios dela com os seus em um beijo selvagem. Consumida pelo mesmo fogo, Alana não conseguia pensar. Tudo o que ela podia fazer era se entregar ao beijo que a deixava viva de um modo que jamais tinha se sentido antes. Diante da reação dela, Ezequiel a abraçou com força e aprofundou mais o beijo.
Os primeiros raios de sol começaram a surgir e aos senti-los, Ezequiel afastou os lábios dos dela e com a voz rouca disse:
__Me perdoe pelo o que acabei de fazer.
__Não me peça perdão por ter me feito feliz.
Sem saber o que dizer Ezequiel a soltou e deu um passo para trás embora seu corpo ansiasse por voltar para os braços dela. A felicidade que Alana tinha sentido fui substituída pela dor ao lembrar que o coração de Ezequiel pertencia a outra mulher.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


__E - Eu pensei que o único dom dela fosse ver coisas na água. – murmurou Sebastião assombrado enquanto Ezequiel se afastava indo em direção a uma árvore.
Alana teve vontade de segui-lo, mas se conteve porque sabia que ele precisava ficar um pouco sozinho para pensar em tudo o que tinha ouvido. E ela também.

XV

O silêncio não foi muito longo porque Sebastião o quebrou ao perguntar a Alana:
__Nunca desconfiou de que aquela mulher era uma bruxa?
__Não, mas acho que Igor desconfiava porque ele sempre me dizia que ela era estranha e que eu não deveria aprender a fazer as bebidas que ela fazia.
__Bebidas? Que tipo de bebidas?
__Bebidas que curavam doenças e cicatrizavam feridas. Sempre achei que poderia precisar prepará-las algum dia para alguém.
__E precisou mesmo. – disse Ezequiel se aproximando. Alana sentiu o coração bater mais rápido e se recriminou por isso, mas não havia nada que pudesse fazer para aquietá-lo no momento. Sem perceber o que provocava nela, Ezequiel continuou:
__E eu nem ao menos a agradeci por ter me curado.
__E não precisa. Foi uma honra ter cuidado de você.
Ezequiel não disse mais nada. Tudo o que planejou dizer ficou preso em sua garganta. Assim como seus olhos pareciam estar presos nos de Alana.
O cavalo de Ezequiel relinchou fazendo com que ele conseguisse desviar o olhar de Alana e rapidamente fosse ver o que tinha assustado o animal. Com a espada desembainhada, Sebastião o seguiu e disse:
__Parece que tem alguém por entre as árvores.
Seguindo o olhar do amigo, Ezequiel também viu que alguém se movia na escuridão e como um tigre avança sobre sua presa, ele avançou sobre o vulto e o atirou no chão.
__Igor! – gritou Alana surpresa ao ver o irmão.
__Céus! Eu quase matei você! – disse Ezequiel pegando-o pelo braço e o ajudando a se levantar enquanto ele dizia:
__Eu sei que disse que iria proteger sua mãe e as crianças do seu clã, mas percebi que precisava proteger a minha irmã antes de tudo e de todos e por isso estou aqui.
Sensibilizada pelas palavras dele, Alana o abraçou. Sebastião se aproximou de Ezequiel e perguntou:
__Onde será que está a espada que o senhor deixou com ele?
Ouvindo a pergunta, Igor respondeu olhando para Ezequiel:
__Eu deixei a espada com a sua mãe. Eu fui buscá-la e a deixei na minha casa com as crianças. Eu só não fiquei porque a preocupação com a minha irmã foi maior. Peço desculpas por não ter feito as coisas como disse que iria fazer.
__Não precisa se desculpar, Igor. Você está certo em vir atrás de sua irmã. Ela é que errou em nos seguir.
Alana o olhou magoada, mas antes que pudesse dizer algo, Ezequiel continuou:
__Mas eu serei eternamente grato por esse erro.
O coração de Alana acelerou novamente e ela sentiu as faces corarem. Os olhos de Ezequiel estavam fixos nos dela novamente e tudo o mais começava a desaparecer. Sabendo que precisava lutar contra aquele sentimento, Alana pegou a mão de Igor e olhando para ele disse:
__Preciso falar com você. É sobre o nosso pai.


XVI

Ezequiel e Sebastião ficaram em silêncio enquanto Alana contava a Igor tudo o que Rosália tinha dito.
__Eu já sabia. – foi tudo o que Igor disse assim que Alana terminou de falar.
__Sabia?! Mas como você soube? E por que nunca me contou?! – ela perguntou em um misto de surpresa e indignação.
__Eu tinha dez anos quando ouvi uma conversa entre Rosália e papai. Ela falava para ele ir ver Magnus porque ele queria conhecê-lo e ele disse que não. Ela, então disse a frase que me marcou para sempre: “ Você tem que ir vê-lo, Valter porque ele é seu filho!” Eu fiquei tão chocado que me afastei da porta e nem ouvi o resto da conversa. Pensei muitas vezes em te contar, mas você só tinha cinco anos, era pequena demais para entender e já estava sofrendo muito com a morte de nossa mãe.
Com os olhos marejados de lágrimas, Alana só pôde murmurar:
__Você fez o certo, meu irmão! Como sempre!
Ezequiel os olhava quando Sebastião perguntou:
__Como será que ele conseguiu nos alcançar se nem veio a cavalo?
Mais uma vez, Igor ouviu a pergunta e respondeu:
__Eu vim a cavalo, mas dois assaltantes de beira de estrada o tomaram de mim na primeira noite que parei para descansar.
__Deve ter sido aqueles dois que fugiram com medo de levarem flechadas da Alana. – disse Sebastião.
__Flechadas? – perguntou Igor olhando para Alana que empalideceu.
Percebendo o quanto ela sofria ao lembrar do que tinha acontecido, Ezequiel disse:
__Chega de conversa por hoje. Todos nós precisamos descansar.
Alana o olhou agradecida, mas ele preferiu não encarar aqueles olhos castanhos que tanto o perturbavam.