terça-feira, 10 de agosto de 2010



Resistindo ao desejo de olhar para trás e vê-la mais uma vez, Ezequiel ergueu Clarissa nos braços e a colocou sobre seu cavalo. Quando se preparava para montá-lo ouviu a voz de Rosália dizer:
__Irá casar com ela por amor ou por achar que é o certo? Lembre-se de que o certo é casar por amor.
Mesmo sem saber o que responder, Ezequiel olhou para trás, mas Rosália não estava ali. Ela estava dentro do castelo com os outros.
__O que foi meu amor? – perguntou Clarissa tocando-o no braço.
__Nada. Não foi nada. Vamos embora!
Clarissa encostou o rosto nas costas de Ezequiel e enquanto se distanciavam do castelo, ele desejou poder voltar a amá-la como tinha certeza de que tinha amado antes de conhecer Alana.

Da janela, Alana viu Ezequiel e os outros sumirem na escuridão e se perguntou se algum dia iria vê-lo novamente.
__Eu não estava conseguindo ver o que iria acontecer hoje, mas posso tentar ver agora o que acontecerá no futuro. Deseja saber se os destinos de vocês ainda irão se cruzar? – perguntou Rosália afagando os cabelos dela.
Alana respirou fundo e disse:
__Não estou pronta para ouvir um não. Por isso, vou me permitir permanecer na dúvida. Pelo menos, terei a esperança como companheira.


XXI

Os guerreiros do clã da Colina trabalhavam dia e noite na reconstrução das casas do Clã dos Rochedos. Ezequiel acompanhava o trabalho deles tentando demonstrar a mesma animação que seus companheiros embora seu coração continuasse inquieto, reclamando de saudade. Saudades de Alana.
“Como era possível alguém ter se tornado tão importante em tão pouco tempo?” – ele se perguntava quando um dos guerreiros veio correndo em sua direção dizendo:
__Senhor, Veja o que eu encontrei caído no chão.
Ezequiel olhou para a mão do rapaz e viu o anel que ele iria dar para Clarissa. O anel de casamento que ele tinha perdido ao levar uma flechada.
Pegando-o, Ezequiel, disse, sem conseguir disfarçar a tristeza:
__Obrigado. Era o que faltava para eu poder casar.

Clarissa lia para algumas crianças quando Ezequiel se aproximou e disse:
__Podemos falar a sós?
__Claro! Crianças, vocês podem esperar lá fora um pouco, por favor? Prometo que termino de contar a história depois.
Uma a uma as crianças foram saindo. A se ver sozinho com Clarissa, Ezequiel disse:
__Encontraram o nosso anel de casamento.
__Nosso anel de casamento?
__Sim, nosso.
__Ainda deseja me dar esse anel?
A pergunta dela o deixou sem fala. Diante do silêncio dele, Clarissa voltou a perguntar:
__Ainda deseja me dar esse anel, Ezequiel?
__Por que está me perguntando isso?
__Por que não vejo mais nenhum brilho nos seus olhos.
__Brilho?
__Sim, brilho. Havia um brilho neles quando estávamos juntos que eu não vejo mais. Não vejo desde o dia em que me resgatou. O que houve com aquele brilho, Ezequiel?
__Eu não sei, mas isso não importa, nós vamos casar e...
__Não. Nós não vamos casar! – ela disse com firmeza deixando-o atônito.
Quando recobrou a fala, Ezequiel perguntou:
__Por que não?
__Porque eu sei que você não me ama e sem amor não há motivo para ter casamento.
Ezequiel lembrou que tinha acreditado ouvir Rosália dizer algo parecido quando ele se preparava para partir e olhou para Clarissa dizendo:
__Achei que era o certo a fazer porque já tinha escolhido você para ser minha esposa antes de... – ele se calou sem saber o que acrescentar e Clarissa perguntou com suavidade:
__Antes de conhecer Alana? Era isso o que ia dizer?
A suavidade na voz dela não permitia mentiras e mesmo que permitisse Ezequiel não faria isso com ela.

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