quarta-feira, 11 de agosto de 2010



__Sim, era isso o que eu ia dizer.
Clarissa ficou um instante em silêncio e depois perguntou:
__E você iria sacrificar seus sentimentos para fazer o que achava certo?
__Meus sentimentos estão confusos, Clarissa.
__Não, não estão, Ezequiel. Pelo menos para mim, eles estão claros o suficiente. E quer saber o que eu vejo?
Ezequiel a olhou sem nada dizer e ela continuou:
__Eu vejo um homem que acreditava amar uma mulher até descobrir que estava errado porque o que ele pensava ser amor era pequeno demais diante de um novo sentimento que uma outra mulher o despertou. Eu vejo um homem que não queria estar aqui olhando para mim agora e sim estar ao lado dela, mas eu vejo também que ele não vai admitir isso porque ele não quer me magoar. O carinho que eu vejo que esse homem sente por mim fez com que ele não desistisse de me salvar e iria fazer com que ele casasse comigo e guardasse para sempre seu grande amor dentro do peito.
Ezequiel queria poder negar cada palavra, mas não podia. Então tudo o que ele disse foi:
__Eu sinto muito por estar fazendo você ver isso.
Clarissa pousou a mão sobre a dele e disse:
__Não é culpa sua. Não é culpa de ninguém. Simplesmente aconteceu e eu não posso permitir que você despreze o verdadeiro amor que a vida está te oferecendo.
__O que quer que eu faça?
__Entregue esse anel para a mulher que o seu coração escolheu.
__Mas e você?
__E eu? Eu ficarei bem. Sei que a vida também me reserva um grande amor. Agora vá e seja feliz porque é assim que eu quero te ver sempre.
Ezequiel sorriu e a beijou respeitosamente na testa. Podia não amá-la mais como mulher, mas continuava nutrindo e sempre iria nutrir um afeto profundo por ela.
Quando ele saiu, as crianças entraram animadas querendo saber o final da história.
E Ezequiel também queria saber como a sua história terminaria. Ele queria o seu final feliz e para isso montou em seu cavalo e partiu em direção ao Clã das Colinas.

XXII
Alana ensinava as crianças a utilizarem o arco e a flecha quando ouviu o som de um cavalo se aproximando. Vendo que os guerreiros não estavam por perto, ela pegou o seu arco e flecha e se preparou para enfrentar o desconhecido, mas quando se virou e seus olhos encontraram Ezequiel, seu coração acelerou e ela ficou imóvel sem saber o que fazer. Desmontando do cavalo, Ezequiel se aproximou e olhando para o arco e a flecha das mãos dela, disse:
__Não era bem assim que eu esperava ser recebido.
__E como esperava? – ela perguntou com a voz enrouquecida pela emoção.
Sorrindo e sem desviar os olhos dos dela, Ezequiel retirou o arco e a flecha que ela segurava e atirando-os no chão, disse:
__Esperava te encontrar com os braços livres para me abraçar assim.
Ezequiel a trouxe para perto de seu corpo fazendo com que as batidas do coração dela aumentassem.
__Eu pensei que nunca mais fosse te ver, pensei que você fosse se casar com... – ela começou a dizer, com a voz ligeiramente trêmula, mas Ezequiel encostou a testa na dela e falou tudo o que ela tinha sonhado em ouvir nos últimos dias:
__Não poderia me casar com outra mulher quando é você quem está nos meus pensamentos, no meu coração e na minha alma.
Alana abriu a boca para dizer o quanto o amava e o quanto estava feliz, mas Ezequiel a silenciou com um beijo que tornava as palavras desnecessárias.

O sol começou a desaparecer por trás da montanha dando a terra um tom avermelhado. Ezequiel Villar achou que o tom era perfeito para aquele dia. O dia em que estava se casando com Alana Ruarte, a jovem guerreira que ele amava mais do que tudo.
Vendo a felicidade dos dois, todos os membros do Clã dos Rochedos e do Clã das Colinas abençoaram a união.


FIM

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