quarta-feira, 4 de agosto de 2010


XVII

Ainda não tinha amanhecido quando, após mais uma noite mal dormida, Ezequiel acordou. Seus olhos logo procuraram por Alana que dormia ao lado do irmão. Vendo-a tão serena, ele não pôde deixar de desejar tocá-la. Era só esticar seu braço que poderia sentir a maciez de seu rosto.
“Não deveria estar pensando isso!” – ele disse a si mesmo enquanto se levantava e olhava para o céu à espera que de lá viesse à serenidade que ele precisava para enfrentar aquele dia.
O silêncio em sua volta era um convite à paz e ele fechou os olhos, pronto para se entregar aquela sensação e teria conseguido se não sentisse a mão de Alana pousar suavemente sobre seu braço e a ouvisse dizer:
__Tudo irá dar certo hoje, Ezequiel.
O leve toque teve o poder de fazer com que seu coração corresse mais rápido pelas veias, mas, tentando ignorar isso, ele engoliu em seco e abrindo os olhos, virou-se para ela dizendo:
__Queria ter essa certeza.
__Por que está falando assim? Onde está o homem confiante que eu conheço?
__Você não me conhece, Alana. Alguns dias juntos não são suficientes para se conhecer alguém de verdade.
__Eu posso não conhecer você por inteiro, mas pelo pouco que vi e ouvi sei que você possui a honra e a coragem que todos os homens deveriam ter.
__Eu sou o líder de um clã. É meu dever ser assim.
__Meu pai também era um líder de um clã, mas não agiu como um homem honrado ao renegar um filho. Magnus também é um líder, mas demonstra ser um covarde ao apelar para feitiços para conseguir o que deseja.
Ezequiel a olhou por um instante e sem poder se conter tocou-a na face com a ponta dos dedos dizendo:
__Se você fosse um homem, eu tenho certeza de que seria um grande líder.
__Mas, infelizmente, eu sou apenas uma mulher... – murmurou Alana fechando os olhos e encostando mais o rosto na palma da mão dele.
Sentindo-se consumido por um fogo interno, Ezequiel perdeu todo o controle que ainda tinha sobre si e esquecendo de tudo o mais deu um passo em direção a Alana e cobriu os lábios dela com os seus em um beijo selvagem. Consumida pelo mesmo fogo, Alana não conseguia pensar. Tudo o que ela podia fazer era se entregar ao beijo que a deixava viva de um modo que jamais tinha se sentido antes. Diante da reação dela, Ezequiel a abraçou com força e aprofundou mais o beijo.
Os primeiros raios de sol começaram a surgir e aos senti-los, Ezequiel afastou os lábios dos dela e com a voz rouca disse:
__Me perdoe pelo o que acabei de fazer.
__Não me peça perdão por ter me feito feliz.
Sem saber o que dizer Ezequiel a soltou e deu um passo para trás embora seu corpo ansiasse por voltar para os braços dela. A felicidade que Alana tinha sentido fui substituída pela dor ao lembrar que o coração de Ezequiel pertencia a outra mulher.

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