segunda-feira, 30 de agosto de 2010

2 Capítulo



2
Eram quase cinco horas da tarde quando o telefone tocou e ao atendê-lo, Miriam ouviu a mesma voz da noite anterior perguntando:
__Você está com frio?
__Escuta aqui palhaço, eu não tenho tempo para brincadeiras, ouviu? Vai perturbar a sua mãe!
E desligou o telefone.
__Com quem você estava gritando no telefone, Miriam? - Perguntou sua mãe vindo da cozinha.
__Ah, com um idiota que não tinha nada mais importante pra fazer do que perturbar os outros.
O telefone tocou novamente e Miriam atendeu pronta para gritar de novo, mas para sua surpresa a voz masculina que ouvia agora era conhecida. Muito conhecida. Era de Bruno.
__Oi, Miriam. Eu tava querendo falar com você.
__Pode falar, Bruno. - Disse tentando parecer o mais natural possível embora sentisse o coração na garganta.
__Por telefone não dá. Será que podemos nos encontrar na pracinha? Naquela pracinha onde começamos a namorar?
__Eu acho melhor nós não... - começou a dizer Miriam, mas Bruno a interrompeu dizendo:
__Te espero lá hoje às oito. Tudo bem pra você?
Quando Bruno falava daquele modo tão decidido ficava impossível dizer não pra ele e foi por isso que após pensar um pouco, Miriam respondeu:
__Tudo bem, estarei lá às oito.

Dez para as oito, Miriam já estava sentada em um banco de pedra na pracinha esperando por Bruno.
Oito horas e Bruno ainda não tinha chegado, mas ela o conhecia bem e sabia que ser pontual não era uma característica dele.
Oito e dez, Miriam começou a esfregar uma mão na outra na tentativa de espantar o frio e o nervosismo. Em vão.
Oito e quinze, Miriam sentiu que alguém a observava e olhou ao redor, mas não havia ninguém por perto. Ao longe era possível ver um pipoqueiro empurrando seu carrinho de pipoca. Cada vez mais nervosa ela passou as mãos pelo cabelo colocando alguns fios por trás da orelha.
Oito e meia, Miriam começou a ter a horrível sensação de que Bruno não iria mais aparecer. “Por que ele fez isso comigo? Eu não deveria ter vindo! Não deveria estar aqui! Sou uma idiota mesmo!” pensou enquanto tentava decidir se continuava ali sentada ou voltava para casa. Por fim acabou resolvendo ficar mais um pouco.
Oito e quarenta, um morcego voou baixo assustando Miriam que se levantou de um pulo e foi para casa dizendo a si mesma que nunca mais iria querer ver Bruno na sua frente.
Ele a viu caminhar rapidamente. Podia perceber que ela estava sofrendo. Podia perceber que ela sentia frio do mesmo modo que ele também estava sentindo.
Ele a tinha visto sentada na pracinha, tinha desejado abraçá-la, mas ao perceber que ela havia notado que era observada, se conteve escondendo-se atrás de uma árvore.
Ele tinha que se controlar, não podia pôr tudo a perder. Tinha que continuar com o seu plano e só assim iria conseguir ter o amor dela e acabar de uma vez com o frio que sentia.

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