terça-feira, 28 de dezembro de 2010

As três peneiras

Li a história abaixo em algum livro de auto-ajuda do qual não recordo o nome, mas a história ficou gravada na minha cabeça pela grande lição de vida que ela deixa. É para ser lida e relida.


As três peneiras


Um rapaz procurou Sócrates e disse que precisava contar-lhe algo.

Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:

- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

- Três peneiras?

- Sim. A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido contar, a coisa deve morrer aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade.

Deve então passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo?

Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta e, arremata Sócrates:

-Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos, colegas do planeta.

Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.



Essa pequena história dispensa meus comentários. Fica só o pedido para que a partir de hoje todas as histórias sejam passadas pelas três peneiras antes de serem espalhadas.

Feliz 2011

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Amigo Oculto/Secreto

Tava aqui pensando no que comprar para o meu amigo oculto/secreto e lembrei do dia que fomos tirar os papéis com os nomes.
Uma das participantes da brincadeira tirou o próprio nome e disse bem alto: "Tenho que devolver esse papel e tirar outro porque tirei eu mesma."

É regra da brincadeira não poder presentear a si mesmo.

Regra essa que eu acho uma tremenda bobagem!

Por que não posso comprar um presente para mim mesma? Por acaso não sou minha amiga?

Aí você vai dizer que não iria fazer sentido comprar presente para si mesma já que isso tiraria a graça da surpresa no momento da entrega.

Tiraria a surpresa de quem? Só a minha, mas todos os outros participantes iriam se surpreender quando eu começasse a falar de mim mesma:

"Minha amiga oculta é uma eterna sonhadora.Cismou que um dia vai ser uma escritora conhecida e ta aí lutando para isso. Ela parece uma criança quando brinca com os sobrinhos, mas sabe ser muito adulta e responsável quando se trata de lidar com o trabalho e com os sentimentos dos outros...

Quantas pessoas iriam acertar? Quem iria achar que a descrição era de outra pessoa?

E então, eu terminaria dizendo:
...E agora vou revelar o nome dessa minha amiga oculta que tanto amo:É a Andreia."

Seria engraçado ver a expressão de surpresa dos outros e seria muito bom ter a certeza de que iria gostar do presente.

Não é muito chato quando percebemos que nosso amigo oculto não gostou do presente que damos? ou Quando ganhamos algo que não vamos usar nunca?

Seria o fim dos sorrisos amarelos.


Não sei você, mas eu tenho a péssima mania de não me colocar na lista de quem vai ganhar presentes de natal e nas poucas vezes que me coloco, eu sou sempre a última da lista.

Se eu fosse a minha amiga oculta, eu teria a obrigação de me comprar um presente.

Já que as regras não podem ser mudadas, não esqueça de comprar seu próprio presente.

Vou fazer isso agora.


Feliz Natal

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma história de Natal

Fui invadida pelo espírito natalino e criei a história abaixo. Espero que gostem!


Onde mora o Papai Noel?


Quando eu era criança, eu lembro que perguntava para minha mãe onde o Papai Noel morava e ela sempre me dizia que era no Pólo Norte. Eu sabia que o Pólo Norte ficava longe e sentia raiva porque queria que Papai Noel morasse perto da minha casa.
Os anos foram passando, eu cresci e deixei de acreditar que Papai Noel existia. Tive filhos e tratei de avisá-los que era eu quem dava os presentes para eles e não nenhum velhinho vestido de vermelho. Não queria que meus filhos fossem enganados como eu pensava ter sido.
Eu disse “pensava” porque o que aconteceu no Natal do ano passado me mostrou que Papai Noel existe realmente!
Deixe-me dizer o que aconteceu...
Eu sou pediatra e todo dia 25 de dezembro eu visito algum orfanato para ver se as crianças estão bem de saúde. No dia 25 de dezembro do ano passado, eu fui visitar um e assim que entrei fui rodeado pelas crianças. Pedi calmamente que formassem uma fila para que eu pudesse examiná-los melhor. Estavam todos bem e eu já me preparava para sair quando uma das senhoras que cuidava das crianças disse:
__Espere! Ainda falta examinar o Carlinhos.
Não pude conter um sorriso. Meu nome é Carlos e durante muitos anos também tinha sido chamado apenas de Carlinhos.
__E onde está ele? – perguntei
__Está lá em cima deitado na cama. Não pode descer porque quebrou a perna essa semana ao cair da árvore do quintal.
Disse que não tinha problema e que subiria para vê-lo. Começamos a subir as escadas juntos e ela sorriu ao dizer:
__Carlinhos é a nossa criança mais levada. Ele vive com os joelhos ralados de tanto correr por aí.
Paramos em frente à porta aberta do quarto onde Carlinhos estava. A cama dele era a última e foi para lá que me dirigi. Ele parecia estar dormindo, mas assim que me aproximei da cama, ele se virou e com uma expressão de enorme felicidade no rosto disse em alto e bom som:
__Papai Noel!!
__O quê?? – perguntei incrédulo. Não conseguia e nem queria acreditar que minha barba naturalmente branca, meus quilos a mais e a blusa vermelha que por pura coincidência eu tinha decidido usar iriam me deixar em tal situação.
__Papai Noel, eu estou tão feliz que você veio! Vem cá me dar um abraço! – ele disse se sentando e estendendo os bracinhos finos.
Eu tinha apenas um instante pra decidir o que fazer. Eu devia contar a verdade e frustrar a alegria daqueles olhinhos ou simplesmente aceitar ser Papai Noel por um momento e aumentar aquela alegria?
Escolhi o certo e o abracei. Por cima da cabeça de cabelos arrepiados, eu fiz sinal para que a senhora ao meu lado não revelasse minha verdadeira identidade. Ela sorriu cúmplice e eu disse:
___Carlinhos, você é um bom menino! Eu voltarei mais tarde para visitar você e as outras crianças novamente, mas agora só vim ver se está tudo bem com sua saúde.
___Eu acho que está sim! – foi a resposta animada dele.


Mesmo assim, eu o examinei como tinha feito com os outros. Ele estava bem e a perna devidamente engessada era um exemplo do que tanta saúde e energia podiam fazer com uma criança levada.
O beijei no topo da cabeça e me despedi prometendo voltar à noite.
Assim que saí do orfanato liguei para minha esposa e disse:
__Maria, eu preciso de brinquedos! Preciso que você separe todos os brinquedos velhos dos nossos filhos que ficaram guardados que iremos doá-los hoje e...
Ela me interrompeu dizendo:
__Carlos, nós já doamos todos os brinquedos que tínhamos aqui.
__Tem certeza?
__Absoluta!
Fiquei mudo e ela disse:
___Podemos comprar alguns brinquedos para doar.
___São muitas crianças. Não dará para comprar brinquedos para todas agora. – Eu respondi já lamentando o dinheiro gasto em uma bicicleta ergométrica que sabia que não iria usar.
Desliguei e liguei para outras pessoas na esperança de encontrar alguém que tivesse uns cinquenta brinquedos para doar. Em vão.
A noite chegou mais rápido do que eu desejava e eu não tinha conseguido nenhum brinquedo. Cheguei a pensar em não voltar ao orfanato, mas cheguei à conclusão de que seria muita covardia da minha parte.
Fui com uma frase pronta na ponta da língua:
“Os brinquedos ficaram no Pólo Norte, mas eu prometo que os trarei para vocês assim que possível.”
Sabia que as crianças ficariam tristes, mas estava disposto a brincar e contar histórias para eles e sabia que algumas horas assim iriam compensar a falta dos brinquedos.
Porém ao chegar lá, eu fui recebido pela mesma senhora que tinha me levado até o quarto de Carlinhos e ela, com um sorriso que ia de orelha a orelha, disse:
__Muito obrigada, Dr. Carlos! Nem sabemos como agradecer!
__Agradecer o quê?
__Os presentes que o senhor deu para as crianças.
___Mas eu não fiz isso.
___Como não? O Carlinhos disse que o senhor voltou ao quarto e entregou o presente dele e disse que deixaria os dos outros embaixo da árvore. Não sei como foi que o senhor entrou sem que eu visse, mas isso não importa! O que importa é que as crianças estão muito felizes.
Não disse nada porque a emoção me roubou a voz. Soube naquele instante que o verdadeiro Papai Noel tinha estado ali e levado aqueles presentes. Percebi naquele instante que ele não morava no Pólo Norte como dizia minha mãe.
Papai Noel mora no coração de todos que acreditam nele e está no meu desde aquela noite.
Deixe que ele more no seu coração também!
Feliz Natal

FIM

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nossas escolhas

Dei de presente para o meu sobrinho o livro:"Passaporte para pesadelos: Perdidos na mansão Hecatombe"(Editora Fundamento). Ele gostou muito e me convenceu a ler também.Confesso que gostei mais do que esperava!

O legal desse livro é que quem está lendo é o personagem principal.Então no lugar de estar escrito: "João precisará ir até a mansão tentar salvar a mãe..." está escrito: "Você precisará ir até a mansão tentar salvar sua mãe."

Isso já serviria para tornar a história mais interessante e divertida, mas o livro ainda nos fornece mais: Nesse tipo de leitura nós podemos decidir sempre entre dois caminhos e cada caminho escolhido irá nos levar a diferentes capítulos que poderão ou não nos levar a tão desejada vitória (encontrar a mãe, derrotar a bruxa e sair da mansão).

Me diverti muito lendo, mas não pude deixar de encontrar semelhanças do estilo do livro com a nossa vida.

Não temos sempre que escolher entre dois caminhos?

Exemplos:

Na profissão:
Aceitar uma nova proposta de emprego. Se optar por fazer isso vá para a página 87

Continuar na mesma empresa. Se decidir ficar na mesma empresa vá para a página 30


No amor:
Reatar com o ex-namorado - Decidiu fazer isso então vá para a página 15

Preferir conhecer um novo amor - Vá correndo para a página 50


E até nas situações mais banais:
Ir trabalhar de ônibus - Vá para a página 17

Ir trabalhar de metrô - Vá para a página 25


E cada decisão não nos leva para diferentes caminhos? diferentes etapas? Muitas vezes, assim como na história do livro, iremos escolher os caminhos errados e nos deparar com "monstros" que vão nos machucar e nós acabaremos sendo derrotados.

Mas mesmo nesses momentos, assim como na história do livro, nós podemos respirar fundo e recomeçar.
É só voltar para a primeira página e escolher um outro caminho que te leve até onde você deseja.

Que você escolha sempre o melhor caminho!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Os incomodados que se mudem!

Acabei de receber um e-mail com a história abaixo:

Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado.

Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Chang-Lang, desculpe-me, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, geralmente vem na mesma hora que o seu vem cheirar as flores!


Essa pequena história passa a mensagem de que não devemos nos incomodar e muito menos nos intrometer nos hábitos dos outros.

Vejo tanto isso ultimamente!

É gente se incomodando com corte de cabelo,roupa,roteiro de viagem, amigos e até namorado de determinada pessoa e sugerindo(pra não dizer impondo) cortes, roupas, roteiros, amigos e namorados diferentes.

Não consigo entender esse tipo de atitude extremamente desagradável!

Será que a pessoa se acha assim tão importante que todo mundo irá fazer o que ela deseja?

Lamentável!

Vou terminar colocando o resto da mensagem que veio no e-mail e aproveitar para acrescentar: Só dê sua opinião quando pedirem!

Respeitar as opções do outro "em qualquer aspecto" é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter.

As pessoas são diferentes, agem diferente e pensam diferente.
Nunca julgue. Apenas compreenda.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pequenas Maravilhas

Estava aqui pensando na vida e lembrei da música "Pequenas Maravilhas" - Ela faz parte da trilha sonora do belo filme "A família do futuro" (Disney)

Rob Thomas
Composição: rob thomas

Deixa ir tire o peso dos seus ombros pra seguir
sem se lamentar dos tombos
Deixa entrar essa luz que te define
no final ficarão somente as recordaçoes

A vida se faz com essas horas
Pequenas maravilhas na voz do coração
mundos se vão mas essas horas breves horas ficarão

No lugar das angustias põe a luz que vai brilhar
envolver a tua vida
Tudo bem se pra mim voce se volta eu ja sei
sentimento prevalece no final

A vida se faz com essas horas
Pequenas maravilhas na voz do coração
mundos se vão mas essas horas breves horas ficarão

Tudo que eu errei as águas vão levar
Pois eu agora sei que estou no meu lugar

A vida se faz com essas horas
Pequenas maravilhas na voz do coração
mundos se vão mas essas horas pequenas maravilhas ficarão


Além de linda essa música diz grandes verdades. A vida é mesmo feita de pequenas maravilhas que, muitas vezes, deixamos de notar por estarmos esperando pelas grandes maravilhas.

Foi pensando nisso que fiz uma lista do que considero "pequenas maravilhas" :

As horas que passo brincando com meus sobrinhos: Seja sentada no chão brincando de boneca com a menina (Momentos em que sou a Barbie ou a Suzi) ou seja jogando bola com os meninos. (Sou goleira, atacante e até juíza)

Comer: Seja comida japonesa em um bom restaurante ou seja o brigadeiro de panela delicioso que eu mesma faço.

Ouvir boa música

Ver bons filmes

Ler bons livros

Escrever bons livros

Ser abraçada: Abraçar alguém é muito gostoso, mas não fica ainda melhor quando o outro lado toma a iniciativa e nos abraça primeiro? Quando isso acontece eu me sinto tão especial e importante!

Desejo para você que está lendo isso agora uma vida repleta de PEQUENAS e GRANDES maravilhas!

Beijão!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Continuando: Criador x Criatura

Voltando a fala de Criador X Criatura (como prometido):

Stan Lee - Se não fosse pela criativdade desse homem, não existiriam muitos dos heróis que alegraram nossa infância e ainda nos encantam mesmo depois de já termos crescido. Alguns deles: Homem-Aranha, X-Men e Quarteto Fantástico.

Walter Lantz - Sabe quem ele criou? Meio difícil essa, hein? Dou-lhe uma...dou-lhe duas...dou-lhe três!
Walter Lantz criou ninguém mais ninguém menos que o adorável Pica-Pau (desenho distribuido pela Universal Studios).

Stephen Hillenburg - Provavelmente o fato de ser um biólogo marinho contribuiu para que ele criasse o adorável Bob Esponja.

Wes Craven - Esse é fácil! Wes Craven é criador de vários filmes de terror, mas seu personagem de maior sucesso é o assustador Freddy Krueger. Eu morria de medo quando era mais nova e, ainda hoje, não gosto de ver os filmes sobre ele.


Eu termino esse assunto por aqui, mas fiquem a vontade para postarem aqui sobre os criadores e criaturas que quiserem.

Abraços e até a próxima!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quanto tempo temos?

Tinha dito que voltaria para falar mais sobre criador e criaturas, mas algo aconteceu essa semana que me fez preferir falar de algo muito mais sério.

Na quarta-feira (10/11/2010) um rapaz morreu em um acidente com um elevador no prédio de número 08 na Rua São Bento no Centro do Rio.

Foi uma morte trágica e cruel. Ninguém merecia algo parecido e muito menos no dia do próprio aniversário.

Mas a morte não escolhe dia. Vem quando e como quer e nada podemos fazer diante dela.

O que podemos fazer é cuidar da nossa vida enquanto a morte não vem. Sei que ninguém gosta de pensar na morte, mas ela é a única certeza que temos.

O filme "Escola da Vida" possui uma passagem que acho muito tocante onde o personagem de Ryan Reynolds, um professor,pergunta aos seus alunos:

__Quanto tempo temos?

Antes mesmo que os alunos olhem para o relógio da parede, ele diz:
__Não olhem para o relógio!- e pergunta novamente: __Quanto tempo temos?

Os alunos não sabem responder e ficam em silêncio. Após um instante, o personagem de Ryan, com uma expressão triste, diz: __Não muito!

E é verdade!

Temos menos tempo do que desejamos.

Por esse motivo, nós temos que aproveitar cada segundo que nos é dado porque o próximo segundo não está garantido a ninguém.

Seja feliz agora! Nesse instante!


Volto outro dia para continuar a falar de criadores e criaturas.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Criador x Criatura

O criador mais importante é Deus e isso é um fato indiscutível ou, pelo menos, deveria ser.

Temos muitos criadores que tornaram suas criações especiais, inesquecíveis e um sucesso capaz de passar de geração para geração. Vejamos alguns deles:

Maurício de Sousa- Criador de uma turminha muito amada. Quem não conhece a Mônica, o Cebolinha, o Cascão e a Magali?

Roberto Bolaños - Ele também é conhecido como Chespirito (forma diminutiva e castelhanizada de Shakespeare). Tanta honra se deve ao fato dele ser o criador das séries televisivas Chaves e Chapolin. Essas séries tinham um humor inocente que agradava e ainda agrada a todas as idades.
* Para quem não sabe: Roberto Bolaños também é ator e ele mesmo interpretava o Chaves e o Chapolin.

George Lucas - Luke Skywalker, Darth Vader... já deu pra adivinhar, não é? George Lucas estava pra lá de inspirado quando criou Star Wars.

Jim Davis - Pense em um gato preguiçoso que adora lasanha e você logo pensará no gato criado por Jim Davis: Garfield.

Charles M. Schulz - Ele é o criador da série Peanuts (Snoopy,Charlie Brown...)

J.K.Rowling: A criadora (finalmente uma mulher) do bruxinho Harry Potter,seus amigos Rony e Hermione, o terrível Voldemort e toda a magia de Hogwarts.

Admiro todos os nomes citados acima. Admiro as criaturas, mas admiro mais ainda os criadores.
Falarei de outros criadores e criaturas em uma próxima postagem.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Livros Usados

Adoro comprar livros usados! Aposto que você está achando que é por causa que eles são mais baratos, certo? É, esse também é um motivo, mas o motivo maior é que a maioria das pessoas deixam algo nos livros que leram. Eu já encontrei várias coisas em um livro velho. Vejam só:

Uma lista de compras na contra capa do livro " Sem cachimbo nem boné" -Fiquei imaginando a cena. O adolescente lendo o livro (é um livro para o público infanto juvenil)e a mãe pedindo para ele/ela comprar várias coisas. Sem ter onde anotar e sem querer largar o livro, a pessoinha usou a contra capa mesmo. Assim poderia levar o livro para o supermercado e continuar lendo enquanto aguardava na fila do pagamento.

Já encontrei em um livro de romance que não me lembro o nome, a seguinte frase: "Li esse livro quando estava no Rio de Janeiro." Eu fiquei tentando imaginar quem seria a pessoa e da onde seria já que com certeza não era do Rio. Imaginei que deveria ter passado férias por aqui e aproveitou para comprar e ler aquele mesmo livro.

Marcadores de página dentro,papéis de balas com dizeres romanticos - Esses eu já perdi a conta de quantas vezes encontrei dentro de livros velhos.

Uma vez eu não comprei, mas folheei um em uma feira de livros usados em que o livro tinha sido presente de um tio para uma sobrinha. Tinha uma dedicatória enorme dele para ela com dizeres bonitos. Fiquei me perguntando o que levava alguém a se desfazer de um presente assim. Achei uma tremenda falta de educação da pessoa que tinha optado por vender ou doar o livro. Não era um livro comum. Tinha sido um presente. Acho que foi por isso que eu não comprei aquele livro.

Teve um livro que eu comprei uma vez que tinha um diálogo triste de duas pessoas. Eu não me recordo o motivo, mas o homem do livro reclamava da vida de um modo poético, mas sem deixar de ser uma reclamação. O que me chamou a atenção na época foi que as frases mais tristes estavam destacadas com tinta amarela. Lembro que fiquei com pena da pessoa que tinha destacado aquelas frases. Pensei que ele/ela tivesse feito isso por pensar do mesmo modo que o rapaz do livro. Não me ocorreu que o motivo poderia ter sido simplesmente para se fazer algum trabalho de escola em que precisasse das tais frases grifadas. Não sei e nem nunca vou saber qual foi o real motivo.

Então, como você pode ver, livro usado tem mais história do que a história que o livro conta. Esse é o meu motivo maior para comprá-los. Se bem que a diferença gritante nos preços ajuda muito. Aliás foi por causa de algo que vi hoje que resolvi escrever isso tudo:
Um livro da Nora Roberts em uma livraria: R$ 59,00
O mesmo livro (usado) em uma barraca: R$ 20,00.

É ou não é uma grande diferença?

Aproveito para dar uma dica importante para quem for comprar livros usados: Confira se não tem nenhuma página faltando. Já tive a infelicidade de comprar um livro e estarem faltando exatamente três páginas.

Por hoje é só,

Abraços!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A capa do meu novo livro


Essa é a capa do meu mais novo livro que se chama "Além dos Rochedos" e é uma continuação de "Rochedos e Colinas" que eu já postei completa aqui para ser lida e relida.

Esse meu mais novo livro pode ser comprado pelo Agbook: http://www.agbook.com.br
Sou uma das autoras lá. Tenho uma página como se fosse um blog igual aqui. Espero que curtam!


Um amigo muito especial fez uma outra capa para esse livro e todas já estão sendo vendidos com ela. Vejam: http://www.agbook.com.br/book/30214--Alem_dos_Rochedos

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dicas de comédias romanticas para ver nesse feriado

Seguem algumas dicas de filmes para quem, como eu, vai ficar em casa nesse feriado. Coloquei só comédias romanticas porque ninguém merece ficar o feriado vendo filmes tristes ou filmes cabeça. Um pouquinho de amor e comédia no dia 07 de setembro não vai fazer mal a ninguém

Encantada
- Provavelmente todo mundo já viu porque fez muito sucesso no cinema. Mesmo assim fica a dica desse filme engraçado, romantico e repleto de belas canções (daquelas que grudam na cabeça e a gente fica cantarolando logo assim que acaba de ver o filme)

* Rola pela internet que em breve sairá Encantada 2 nos cinemas. Vamos aguardar pra ver se é verdade. Não faço idéia de como seria uma continuação desse filme, mas se tiver eu irei ver com certeza!

Casa comigo?
- Esse filme não foi muio falado por aqui e até onde eu sei veio direto para os DVDs sem ter passado pelas telas dos cinemas brasileiros. Não entendo o porque já que tem tanta porcaria nas telas ultimamente. Mas vamos falar do filme: Esse filme me chamou a atenção por dois motivos: Primeiro: É protagonizado pela Amy Adams ( a mesma excelente atriz de Encantada)e segundo: A história se passa na Irlanda um país que acho lindo demais e que um dia espero poder conhecer. A história tem tudo o que devemos esperar de uma comédia romantica: muita comédia e muito romance. Até o último momento! Vale a pena ver! Se eu fosse dar uma nota para esse filme seria 10 com toda a certeza!

A proposta - Esse filme foi muito falado quando estava nos cinemas e a maioria já deve ter assistido, mas vale até rever essa história engraçadinha e o talento de Sandra Bullock e Ryan Reynolds. Aliás, o Ryan Reynolds valeria a pena ver mesmo se ele não fosse um bom ator porque ele é muito lindo.

O amor não tira férias - Esse é mais antigo e vive passando na TV a cabo, mas mesmo assim tinha que tá aqui esse filme fofo estrelado por Kate Winslet e Cameron Diaz. Duas mulheres diferentes que pelo mesmo problema (homens rsrsrs) trocam de casa durante um feriado. Esse filme é um prato cheio para todas as romanticas e romanticos de plantão.


Sob o sol da Toscana - Esse é o mais antigo, mas nem por isso menos adorável. Ele é perfeito para quem anda triste por alguma desilusão amorosa. A personagem principal do filme foi abandonada pelo marido e fica em depressão até suas amigas darem de presente para ela uma viagem para a Itália (quem me dera ter amigas assim rsrsrs) lá ela acaba decidindo comprar uma casa e reconstruir a vida. O filme é uma lição de vida e de como podemos e devemos passar por ela sem sofrer pelo amor. Os amores que machucam nunca duram. O amor que traz felicidade, mesmo que demore um pouquinho, um dia vem para nós.

Esse filme é baseado em um livro de mesmo nome, mas como não li o livro não posso dizer se ficou fiel ou não.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Todos os capítulos restantes


13
Eram duas horas e trinta minutos quando Rodrigo saiu de sua casa lamentando ainda não ter dezoito anos e não poder pegar o carro da mãe emprestado para levar Miriam ao cinema.
“Ah, mas no ano que vem eu já vou poder fazer isso. Ainda bem que a Mi não é igual as outras garotas da escola que só gostam de sair com caras que tem carro ou moto.”pensou enquanto caminhava em direção ao ponto de ônibus.
De repente o som de um carro se aproximando se fez ouvir. Rodrigo não se importou, ele estava na calçada e não na rua, portanto não tinha com o que se preocupar.
Mas o barulho do carro acelerando logo atrás dele o fez virar assustado e antes que pudesse se mexer sentiu uma forte pancada em suas pernas fazendo com que seu corpo rolasse sobre o automóvel até cair no chão.
Várias pessoas que estavam em uma padaria em frente correram em direção ao corpo de Rodrigo enquanto o carro dava ré e partia a toda velocidade.

14

Miriam olhou para o relógio eram três horas e vinte minutos e Rodrigo ainda não havia aparecido. “Ele deve estar esperando o ônibus. Isso, ele não esqueceu, ele só está esperando o ônibus.” Pensou enquanto colocava alguns fios de cabelo para traz da orelha e ligava o rádio. Ouvir música sempre a deixava mais calma.
O som da campainha se fez ouvir e ela pulou do sofá animada e foi correndo abrir a porta acreditando ser Rodrigo, mas ao ver quem era o sorriso morreu em seus lábios e tensa ela disse:
__Se você está com algum problema no carro, o meu pai só estará aqui após as seis horas.
__Não, não é nada com o meu carro. Eu quero é falar com você, Miriam. Será que eu posso entrar? - E sem esperar pela resposta, André entrou.
Miriam pôde sentir o cheiro de cerveja que vinha dele e nervosa disse:
__Eu estou de saída. Podemos conversar mais tarde quando eu voltar e...
__Não, tem que ser agora!
O tom de voz dele agora era autoritário. Ela olhou na direção da rua através da porta aberta desejando ver Rodrigo se aproximando, mas não havia o menor sinal dele.
Se pelo menos sua mãe estivesse em casa, mas ela estava no curso de culinária e só chegaria às cinco.
“Que idiota eu fui, eu tinha que ter olhado pelo olho mágico antes de abrir.” pensou ainda próxima a porta.
__Não precisa ter medo de mim, Miriam. Eu só quero que você me dê algumas informações sobre uma pessoa que você conhece.
__Que pessoa?
O som de uma buzina se fez ouvir, Miriam olhou pela porta aberta e reconhecendo o carro disse:
__Chegou uma visita para mim. Vou precisar atendê-la agora.
André caminhou até a janela para ver quem era e Miriam se aproximou mais da porta sorrindo aliviada para a pessoa que saía do carro e se aproximava.
Não entendia o porquê de ele estar ali, mas pelo menos não estava mais sozinha com André.
__Olá, Miriam, posso entrar? Eu preciso muito falar com você.
__ Sim, claro Paulo! - Disse Miriam acrescentando em seguida em um tom de voz mais alto: __Meu vizinho também está aqui, mas eu creio que ele já está de saída, não é mesmo, André?
Não houve resposta.
André não estava mais na sala.
__Onde está seu vizinho? - Perguntou Paulo. Miriam olhou ao redor e disse desconcertada:
__Não sei. Acho que ele saiu pela janela.
__ Que estranho. - Murmurou Paulo acrescentando em seguida: __Bem não se preocupe com isso. Eu estou aqui e não deixarei nada de ruim acontecer a você.
__Obrigada, Paulo. - Disse Miriam desviando os olhos da janela para ele e acrescentando em seguida:
__ Você quer falar comigo sobre a última aula de Matemática, não é? Eu sei que eu não prestei a atenção que eu devia é que eu...
__É que você estava sendo perturbada pela presença do Rodrigo, eu vi que ele ficava sempre fazendo você rir, desviando a sua atenção, mas não se preocupe, ele não irá mais perturbar você.
__Como assim? Não estou entendendo...
Com um estranho brilho nos olhos, Paulo se aproximou mais dela e disse:
__Eu o tirei do nosso caminho. Precisei fazer isso porque ele queria roubar você de mim, mas vamos esquecer esse assunto. Só o que importa agora é que estamos juntos novamente e que nunca mais eu irei sentir frio...
Horrorizada, Miriam tentou correr, mas ele foi mais rápido e com um braço segurou-a pela cintura enquanto com a outra mão tampava-lhe a boca impedindo-a de gritar.
___Acalme-se, Verônica, minha querida. Já não há mais motivos para ter medo. Estamos juntos agora. Eu cuidarei bem de você. Dessa vez não deixarei nada de ruim te acontecer, eu prometo.
“Meu Deus, ele é louco. Completamente louco!” pensou Miriam enquanto se debatia na esperança de que ele a soltasse, mas a cada movimento que fazia mais ele a apertava de encontro ao corpo.
Sem pensar duas vezes, Miriam mordeu-lhe a mão fazendo-o gritar de dor e com isso afastá-la um pouco de sua boca.
__Socorro! Socorro! – ela gritou com todas as forças até ser jogada por Paulo sobre o sofá.
__O que aconteceu, Verônica? Por que está com medo de mim? Por quê?
__Eu não sou Verônica! – gritou Miriam tentando se levantar, mas Paulo voltou a agarrá-la pela cintura dizendo:
__Você me culpa pela sua morte, não é? Mas não foi culpa minha, Verônica. Foi um acidente. Estava muito frio naquela noite, você lembra? Aquela neblina toda... Eu não conseguia ver a estrada direito por isso errei o caminho e acabei indo de encontro aquele outro carro. Por favor, Verônica não me culpe.
Miriam o ouviu soluçar. E cada vez mais assustada com a loucura dele implorou:
__Paulo, por favor, me solte. Eu já gritei, logo irá chegar alguém e...
__Ninguém irá separar você de mim. Eu esperei durante dois anos pela sua volta. Você não imagina como eu senti frio... A solidão é tão fria, meu amor, tão fria. Você também sentia esse frio, Verônica?
Miriam começou a chorar e Paulo disse:
__Não chore, minha querida. Não chore. Agora iremos aquecer um ao outro. O frio acabou.
Ele beijou-lhe a face e ela gritou:
__Me solta seu louco! Me larga! Vai embora!
__Você é minha esposa, Verônica. Eu jamais te deixarei.
__Eu não sou a Verônica! Eu sou a Miriam! Miriam! Ouviu?
Paulo riu. Um riso doentio e disse:
__Você sempre gostou desse nome, não é querida? Lembro que dizia que quando tivéssemos uma filha ela iria se chamar Miriam que quer dizer “Senhora”. Por isso foi o corpo de uma Miriam que você escolheu para poder voltar para mim. Ah, você não sabe como eu fiquei feliz em entrar naquela sala de aula e te ver. Eu soube desde o primeiro momento que era você. Os mesmos olhos, os mesmos cabelos, os mesmos modos de mexer as mãos. Conseguir seu telefone e seu endereço na diretoria foi muito fácil. O difícil era me controlar para não te dizer tudo. Eu sabia que precisava me aproximar aos poucos. Por isso passei a te ligar, só em ouvir a sua voz eu já me sentia em paz. Depois lhe deixei um bilhete, você sempre gostou de receber bilhetes meus, lembra? Sempre achou romântico. E aquele dia no cinema? Foi tão divertido, não foi meu amor?
Miriam não respondeu. Ela jamais poderia imaginar que Paulo era a pessoa que ligava para dizer que sentia frio. Apesar do medo que tinha sentido ao receber o bilhete, ela havia decidido acreditar que era tudo uma brincadeira tola e acabou esquecendo do fato por completo.
Agora, ela estava ali, presa nos braços dele. Queria gritar novamente mais o terror parecia ter lhe roubado a voz.
Desesperada, ela olhou ao redor. Por que não aparecia ninguém para lhe salvar? Onde estava André? Por que ele tinha que ter ido embora e a deixado sozinha com aquele louco?
___Olhe para mim, Verônica. - Disse Paulo virando Miriam para ele. Ela obedeceu. Por um momento ele apenas a olhou com uma expressão de felicidade estampada no rosto.
Depois se inclinou para frente e ao perceber que ele pretendia beijá-la, Miriam ergueu o joelho e o golpeou com força entre as pernas.
A dor o fez cair de joelhos. Miriam aproveitou para sair correndo pela rua gritando por socorro.
Logo, várias pessoas saíram de suas casas e foram ver o que tinha acontecido. Tremendo dos pés à cabeça, Miriam falou:
__Tem um louco na minha casa!
__Fique calma que iremos tirá-lo de lá! - Disse Roberto, o pai de Bianca, dirigindo-se até a casa de Miriam acompanhado de mais cinco homens.
Miriam os seguiu.
15
Um grito agudo saiu de sua garganta assim que viu o corpo de Paulo ensangüentado estirado no chão da sala.
Seus olhos estavam abertos, mas não havia mais nenhum sinal de vida neles.
Junto a ele, de pé, estava André segurando com as mãos trêmulas uma faca suja do sangue do homem que há dois anos ele desejava matar.
Todos o olhavam em estado de choque sem conseguir pronunciar uma palavra. Foi ele quem quebrou o silêncio perturbador ao dizer:
__Eu tive que matá-lo. Meu pai está morto e minha mãe hospitalizada por culpa dele. Eu me sinto vingado e isso é tudo o que eu tenho a dizer. Agora podem chamar a polícia.
16
Uma placa escrita: “Vende-se” foi colocada em frente à casa de Miriam. Seus pais haviam decidido vendê-la sabendo que não iriam conseguir mais morar ali depois do que havia acontecido.
Por isso aceitaram o convite de Angêla, irmã de Jorge para que morassem com ela até encontrarem uma nova casa que os agradassem.
Nas primeiras semanas, Miriam recusou-se a atender a qualquer telefonema, receber qualquer visita e até mesmo a ir à escola. Não queria falar com ninguém, sabia que todos iriam lhe perguntar sobre o que tinha acontecido e ela não queria falar sobre isso. Já bastava o que tinha dito para a polícia. Tudo tinha sido tão horrível que ela só queria esquecer! Se pelo menos isso fosse possível.
__Filha, olha o que eu fiz pra você! - Disse D. Mariana entrando no quarto onde Miriam estava e lhe mostrando um prato de biscoitos de chocolate.
__Obrigada, mãe. - Disse Miriam sorrindo e começando a comê-los.
Sua tia entrou no quarto em seguida e disse:
__Miriam, sua amiga Amanda está no telefone. Ela está perguntando se pode vir te visitar hoje.
Miriam pensou um pouco. Ainda não se sentia pronta para ver ninguém, mas não podia continuar se escondendo, muito menos de sua melhor amiga. Já era hora de voltar a ter uma vida normal.
__Diga a ela para vir sim, tia.
17
Amanda abraçou Miriam com força antes de perguntar:
__Como você está?
__Estou tentando esquecer o que aconteceu, mas não está sendo nada fácil.
__É, eu sei. Foi tudo tão horrível. Ninguém podia imaginar que o Paulo era louco. Ele parecia tão normal.
__A morte da esposa o deixou assim. Até onde eu sei, ele era uma pessoa normal antes do acidente que a matou.
__É, me falaram isso também. Parece que a irmã dele ficou preocupada com o fato dele não querer sair e conhecer outras pessoas preferindo ficar trancado no quarto rodeado apenas por fotos dela, mas acabou achando que com o tempo a saudade que ele sentia iria diminuir e ele iria voltar a sorrir.
__E ele voltou! Só que os sorrisos dele vinham do fato dele acreditar que a esposa tinha voltado no meu corpo.
Miriam estremeceu ao lembrar disso. Notando o quanto a amiga ainda estava abalada, Amanda disse:
__Melhor mudarmos de assunto. Quando é que você vai ver o Rodrigo? Ele já recebeu alta do hospital e está em casa.
__É, eu soube. Eu ligava todos os dias para o hospital para saber como ele estava e na semana passada, me disseram que ele ia poder voltar para casa.
__E então? Quando vai vê-lo?
__Não sei, acho melhor não ir, afinal, foi por minha culpa que ele foi parar no hospital.
__Que isso, Miriam? Claro que não foi sua culpa! Além do mais, o Fabiano que é amigão dele me disse que ele disse que quer muito te ver de novo e só não veio te visitar ainda porque está com uma perna engessada e a mãe dele não o deixa levantar para nada.
Miriam abriu um grande sorriso. Saber que Rodrigo queria vê-la fez com que tudo o mais desaparecesse de sua mente.
__Então, eu vou vê-lo sim e vai ser agora! Vamos comigo?
__Vou ir rapidinho só pra dar um oi pra ele, depois eu deixo vocês sozinhos porque eu não quero segurar vela.
Miriam riu, mas logo ficou séria novamente e perguntou:
__E o Cláudio? O André é primo dele e agora está preso. Eu imagino que isso o tenha deixado arrasado.
Amanda olhou para os próprios pés e disse:
__É, eu ouvi dizer que ele ficou muito mal com a prisão do primo sim. Principalmente porque o André havia dito para ele várias vezes que um dia iria matar o responsável pelo acidente que havia matado o pai, mas o Cláudio achava que era só força de expressão, entende? Nunca achou que o primo fosse capaz de fazer algo desse tipo... Mas enfim, a Carla cuidou bem dele nesses dias difíceis e ele agora já se conformou com o que aconteceu.
__Como assim a Carla cuidou bem dele?
__Ah, você ainda não sabia? Ela é a namorada dele agora.
__Puxa, que chato, Manda.
Amanda deu um pequeno sorriso e disse:
__O mais chato foi que eu desconfiei da pessoa errada, sabe? Quando o Cláudio me disse que estava gostando muito de uma outra garota e que precisava de um tempo para pensar, eu preferi terminar o namoro porque eu não sou relógio para dar tempo. Aí eu perguntei a ele quem era a garota e ele se recusou a dizer o nome, só me disse que era alguém que eu conhecia e que estudava na mesma turma que eu. Aí eu cismei que era você e por isso acabei me afastando um pouco. Você me desculpa, não desculpa?
__Claro, Mandinha. Mas da próxima vez que desconfiar de algo me diga para que possamos resolver tudo logo.
As duas riram e se abraçaram longa e fortemente.
Segundos depois já estavam na rua a caminho da casa de Rodrigo. Miriam olhou sorrindo para o sol. Finalmente o inverno tinha acabado e não havia mais motivos para se ter frio.
Fim

Décimo Segundo capítulo


12

Após uma cansativa aula de Química, Rodrigo perguntou a Miriam quando já se aproximavam do portão de saída:
__Você tem algum compromisso para hoje à tarde?
__Não, não tenho nada, por quê?
__Porque eu queria te convidar pra ir ao cinema comigo.
__Queria? Não quer mais? – perguntou Miriam rindo tentando assim disfarçar o rubor que atingia suas faces. Rodrigo sorriu mostrando suas covinhas e disse:
__Claro que quero! Você não imagina como eu quero te levar ao cinema hoje à tarde.
Miriam passou as mãos pelo cabelo sem saber o que dizer. Muitos alunos e professores também estavam saindo naquele momento, Miriam se afastou um pouco mais para que os professores Paulo e Arthur passassem entre eles. Todos falavam ao mesmo tempo fazendo com que Rodrigo tivesse que perguntar em um tom de voz mais alto:
__Que horas eu posso passar na sua casa pra te buscar?
__Pode ser às três. - Respondeu Miriam rapidamente no mesmo tom de voz dele.
__Certo, então até as três.
Rodrigo aproximou um pouco mais o rosto do dela e Miriam imaginou que ele lhe daria um beijo na face como fazia todos os dias antes de ir embora, mas para sua surpresa, os lábios dele procuraram os seus.
Foi um beijo suave e carinhoso, mas antes que Miriam pudesse abraçá-lo, ele se afastou dizendo:
__Até as três, Mi!
Miriam tentou falar, mas não conseguiu. Sua voz parecia presa na garganta. O beijo de Rodrigo era melhor do que ela esperava, muito melhor do que os que ele lhe dava em seus sonhos.
Feliz, ela levou a mão aos lábios e virou-se para ir para casa quando seus olhos encontraram os de Bruno.
Ele estava encostado em sua moto, provavelmente esperando Érica que junto com Carla e Bianca tentava convencer a professora de História em lhes dar uma nota maior pela pesquisa que haviam feito.
Miriam não entendeu o porquê de ele olhá-la tão seriamente como se estivesse furioso. Teria ele não gostado de vê-la beijando Rodrigo?
Miriam preferiu não pensar nisso, não se importava mais com o que Bruno pensava e por isso desviou o olhar encontrando no barzinho à frente Cláudio e ao lado dele um homem mais alto que estava de costas, mas que se virou rapidamente permitindo que Miriam visse seu rosto.
Era André, seu vizinho.
Desde o dia em que ele havia agredido a própria irmã que Miriam não o tinha visto mais. Paloma havia dito para sua mãe que não sabia por onde ele andava e que desde aquele dia que ele não aparecia em casa nem para dormir. E agora ele estava ali na sua frente parecendo calmo enquanto segurava uma latinha de cerveja.
Miriam desejou que eles não a tivessem visto, mas Cláudio fez animadamente um gesto com a mão chamando-a para se aproximar deles.
Mesmo a contragosto, Miriam se dirigiu até onde eles estavam e Cláudio disse:
__Oi, Miriam! Tudo bem? Eu quero que você conheça o meu primo.
Primo?! Por essa Miriam não esperava, o mundo era muito pequeno mesmo. André sorriu e disse:
__ Eu já a conheço, primo. Ela é a minha vizinha.
Cláudio olhou de André para Miriam e também sorrindo disse:
__Que legal! Não sabia que você morava na Rua das Esmeraldas, Miriam.
__É, moro. - falou Miriam incomodada com o olhar de André. Por que ele a olhava como se quisesse enxergar sua alma?
__Você tem medo de mim, não tem? - Perguntou André ficando sério de repente.
__Não, de modo algum. Claro, que não! - Respondeu Miriam rapidamente torcendo para parecer o mais sincera possível.
__Tem sim, claro que tem! Eu assustei você naquele dia quando apareci na sua janela. Lembro perfeitamente da sua cara de horror quando me viu.
Miriam ficou sem saber o que dizer, foi Cláudio que rindo disse:
__Ah, eu queria ter visto essa cena. Quem você achou que ele fosse? Algum psicopata ou algum monstro?
__Não existe nenhuma diferença entre um psicopata e um monstro. - Disse Miriam asperamente se arrependendo em seguida ao ver Cláudio parar de rir e passar a olhá-la do mesmo modo que André.
Querendo sair dali, ela disse:
__Eu tenho que ir agora. Minha mãe já está me esperando para almoçar.
__Também estou indo para casa agora. Quer uma carona? - Perguntou André e rapidamente Miriam respondeu:
__Não, obrigada. Eu acabei de lembrar que antes tenho que passar no supermercado para comprar algumas coisas que minha mãe pediu.
André riu e disse:
__Tudo bem, então!
Miriam sentiu que ficava vermelha. Ela não sabia mentir e era óbvio que André tinha notado isso.
O som do tapa que ele deu na irmã ecoou em seus ouvidos fazendo com que ela dissesse rapidamente:
__Tenho que ir agora. Tchau!
Ela se afastou deles sentindo que ainda a observavam e não pôde evitar que isso a deixasse amedrontada.
“Não há motivos para ter medo, Miriam” ela disse para sim mesma.
“Maldito beijo! Ele não tinha o direito de beijá-la. Ela não devia ter deixado, mas eu posso perdoá-la, afinal ela não sabe que pertence a mim. Ela não sabe do nosso amor. Eu errei ao parar com as ligações depois do bilhete que deixei embaixo de sua porta. Fiz isso porque sabia que tinha que falar com ela pessoalmente, contar tudo, só precisava esperar o momento certo. Mas agora eu não posso esperar mais. Tenho que falar com ela do nosso amor e vai ser hoje mesmo, mas antes eu tenho que me livrar desse idiota que a beijou.” ele pensou fechando as mãos com força para tentar controlar o ódio que estava sentindo e poder pôr o seu plano em ação.

Décimo primeiro capítulo


11

Assim que Miriam chegou à escola, Amanda veio em sua direção e extremamente séria disse:
__Me disseram que o Cláudio veio aqui na escola ontem e que vocês ficaram conversando. Isso é verdade?
__É, quer dizer, eu disse a ele que você já tinha ido embora e ele disse que só tinha vindo buscar um livro emprestado na biblioteca. – Miriam preferiu não dizer que achava que ele estava mentindo.
__Só foi isso que vocês falaram? – perguntou Amanda e o tom de desconfiança em sua voz irritou Miriam que disse:
__Só foi isso sim, Amanda. Agora será que você pode me dizer o porquê de estar falando e me olhando desse jeito?
O sinal tocou avisando que era hora de entrarem para a primeira aula e Amanda disse:
__Eu vou para casa. Não vou conseguir prestar atenção na aula hoje, estou com muita dor de cabeça.
__Espera, Amanda. Você não respondeu a minha pergunta! – Disse Miriam, mas Amanda fingiu não ouvir e foi embora.
__O que deu nela? - Perguntou uma voz atrás de Miriam.
Era Rodrigo.
__Ela não estava se sentindo bem e foi para casa.
__Entendi. Então, será que eu posso sentar ao seu lado hoje?
__Claro! - Respondeu Miriam sorrindo.
Ela e Rodrigo se conheciam desde os oito anos, mas nunca foram amigos. O máximo que diziam um para o outro era um oi e um tchau, mas Miriam havia gostado do jeito que ele a havia defendido da acusação de Érica na aula de Matemática.
“Talvez nós possamos nos tornar amigos. Amanda está estranha demais para que eu possa contar com ela. Justamente quando eu mais preciso dela para conversar e falar dos meus temores, ela me deixa na mão.” pensou Miriam enquanto junto com Rodrigo entrava na sala de aula.
Miriam não conseguia prestar atenção no que a professora de Português dizia. Ela só tinha olhos para Rodrigo. Ele era engraçado sem ser ridículo, o que o diferenciava dos outros rapazes da turma, além de possuir belos olhos cor de mel e charmosas covinhas que apareciam sempre que ele sorria. Onde ela estava que não tinha visto isso antes?
Quando a última aula acabou, Rodrigo e Miriam se dirigiram para a saída e Rodrigo disse:
__Gostei de ter sentado com você hoje, nós podemos repetir a dose amanhã caso a Amanda resolva não assistir aula de novo.
Miriam sentiu vontade de dizer que mesmo que Amanda aparecesse, ela iria preferir sentar com ele, mas ligeiramente vermelha, se limitou a dizer:
__ Eu vou adorar.
Um grande sorriso surgiu no rosto de Rodrigo e ele deu um beijo no rosto de Miriam antes de ir esperar o ônibus que o levaria para casa.
Miriam levou a mão ao local do beijo sentindo sua pele queimar, depois percebendo que parada ali estava atrapalhando a saída das pessoas, ela começou a andar rumo a sua casa e pela primeira vez, não se importou ao ver Bruno chegar de moto para buscar Érica.
Nos dias que se seguiram, Amanda assistiu às aulas e sentou ao lado de Miriam, mas continuava agindo estranhamente como se estivesse ao mesmo tempo magoada e furiosa com algo que Miriam não tinha idéia do que poderia ser já que ela nada dizia.
O jeito era esperar até que ela resolvesse se abrir e dizer o que a atormentava. Pelo menos enquanto esperava por isso, Miriam tinha a companhia de Rodrigo que estava sempre sentado a sua frente e sempre virava para trás para fazer algum comentário engraçado que a fizesse sorrir ou simplesmente para olhá-la nos olhos durante alguns segundos.
Com todo aquele carinho e atenção, Miriam não se surpreendeu ao descobrir que estava se apaixonando por ele.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Décimo capítulo


10
Quem está fazendo isso comigo? Quem? Só pode ser alguém que me detesta e está querendo me assustar.
O nome de Érica logo lhe veio à mente.
Ela sabia que Érica tinha um irmão e que poderia ter pedido a ele para fazer as ligações. O número de seu telefone ela poderia ter pegado com Bruno ou com Bianca. Sim, era mais provável que Bianca tivesse dado o número e só poderia ter sido Bianca a colocar a carta embaixo de sua porta, afinal Bianca morava na mesma rua que ela.
“Bianca... e pensar que já fomos amigas. Crescemos juntas! Mas agora tudo faz sentido... Bianca viu Bruno vir aqui no sábado e contou para Érica por isso que Érica resolveu me enviar essa carta além das ligações.”
__Ah, mas eu vou acabar com isso agora mesmo! – disse Miriam saindo do quarto e dizendo para a mãe que iria até a casa de Bianca.
__Bianca? Mas eu achei que vocês não estavam mais se falando.
__E não estamos, mas é um assunto muito importante!
__Que assunto importante?
__É um assunto da matéria de História - Mentiu Miriam saindo rapidamente antes que a mãe lhe fizesse mais perguntas.
Bianca estava no terraço de sua casa quando viu Miriam se aproximar e gritar para ela:
__Bianca, eu preciso falar com você agora! É urgente!
Bianca olhou-a surpresa, mas mesmo assim desceu as escadas correndo e abriu o portão perguntando:
__ Aconteceu alguma coisa, Miriam?
__Aconteceu isto! - Respondeu Miriam mostrando a carta que recebera.
__O que é isto? Eu não entendi nada. - Disse Bianca após ler as três frases da carta.
__Não se faça de sonsa! Eu sei muito bem que foi você quem deixou essa carta embaixo da minha porta a pedido da Érica.
__O quê??! Da onde você tirou essa idéia? Eu jamais faria isso!
Miriam, que já esperava que ela negasse tudo, disse:
__Quem fez isso é alguém que não gosta de mim. Alguém que está querendo me assustar. Érica se enquadra nesse perfil e você como amiga dela com certeza a está ajudando a fazer isso! Primeiro você deu o meu telefone para ela, depois contou sobre a visita do Bruno e agora deixou essa carta embaixo da minha porta!
__De tudo o que você acabou de me acusar, a única coisa que eu fiz foi falar sobre a visita do Bruno e não foi para te arranjar problemas, minha intenção era apenas tirar um pouco da autoconfiança da Érica. Ela não cansa de dizer que o Bruno é apaixonado por ela e que jamais a trairia. Achei divertido vê-la com a pulga atrás da orelha. Mas me arrependi depois que a vi te perturbando na escola. Peço desculpas por isso, mas só por isso!
Miriam ficou desconcertada. Bianca parecia estar falando a verdade. Houve um instante de silêncio que logo foi quebrado por Bianca que disse:
__Érica também não tem nada a ver com isso.
__Como pode ter tanta certeza?
__Érica é do tipo de pessoa que conta tudo o que faz e até mesmo o que não faz. Ela adora falar sobre ela mesma. Por isso se ela resolvesse te pregar uma peça desse tipo ela teria dito.
Miriam voltou a olhar para a carta. Se pelo menos ela tivesse sido escrita à mão, ela poderia tentar descobrir o responsável pela brincadeira através da letra, mas a carta tinha sido digitada.
“Droga de mundo informatizado!” pensou.
Bianca pareceu ler os pensamentos dela porque disse:
__Vai ser difícil você descobrir quem foi. Qualquer pessoa poderia ter digitado e impresso essas três frases. Acho que você não deveria se incomodar tanto com isso. É só uma brincadeira, de mau gosto, mas é só uma brincadeira.
__Espero que você tenha razão. Bem, eu tenho que ir agora. Me desculpe pelas as acusações injustas.
__Tudo bem, no seu lugar eu também acharia a mesma coisa.
Miriam dobrou a carta e colocando-a no bolso voltou para casa sentindo-se pior do que antes. No fundo ela preferia que fosse realmente uma brincadeira de Érica. Pelo menos não estaria como agora sentindo medo de uma pessoa sem rosto que além de ligar para sua casa também havia deixado um bilhete tão sinistro quanto seus telefonemas. Por que aquela obsessão com o frio? Por quê?
Miriam olhava para o telefone achando que a qualquer momento ele iria tocar novamente e ela iria ouvir a misteriosa voz perguntando se ela estava com frio.
Pensar nisso a fez estremecer e sem conseguir comer, ela recusou o jantar e foi para a cama mais cedo.
Em seus sonhos, o telefone tocou várias vezes e em cada vez que tocava ela sentia mais frio... cada vez mais... até sentir que morreria congelada se não despertasse logo.

Nono capítulo


9
__Ai, mãe que bom que a senhora chegou! - Disse Miriam assim que sua mãe entrou na sala.
__Nossa, Por que essa cara de desespero filha? Eu nem demorei muito no dentista.
__É que a senhora não sabe o que eu vi.
E Miriam contou o que tinha acontecido com os novos vizinhos deixando a mãe revoltada:
__Que covarde! Eu o vi hoje cedo antes de ir para o dentista, ele me cumprimentou muito sorridente e eu até o achei bem simpático. Aquele covarde! Ah, se eu estivesse aqui ele iria ver o que eu iria fazer com ele.
__Mãe, não podemos nos meter! Ele é violento!
__Ele é um covarde isso sim, mas você tem razão não podemos fazer nada contra ele, mas eu posso pelo menos ir falar com ela, ver se ela esta bem.
__Mas, mãe, ela fechou a janela na minha cara, não quis conversa. Acho que se a senhora for lá ela vai bater com a porta na sua cara.
__Talvez, mas eu me sinto na obrigação de pelo menos oferecer uma palavra de conforto. Ele saiu, não saiu?
__Sim, ele saiu de carro e ainda não voltou.
__Ótimo, vou lá agora. Quer vir comigo?
Miriam pensou um pouco, mas acabou decidindo por acompanhar a mãe mesmo achando que não estava fazendo a coisa certa.
Só após tocarem a campainha pela terceira vez que a porta foi aberta um pouco, sendo possível ver apenas metade do rosto da mulher que perguntou:
__O que desejam?
__Queremos falar com você, querida. Não tenha vergonha ou medo. Só queremos oferecer nosso ombro amigo, afinal somos vizinhas.
Miriam achou que a mulher iria fechar a porta, mas para a sua surpresa, ela a abriu mais, as convidando a entrar.
__Eu sou Mariana e essa é minha filha, Miriam. Como você se chama?
__Paloma.
__Muito prazer, Paloma. Bem, como já disse antes, minha filha e eu estamos aqui para oferecer nosso ombro amigo. E depois do que aconteceu hoje, eu creio que é do que você está precisando.
Os olhos de Paloma ficaram marejados de lágrimas e com a voz trêmula ela disse:
__Meu irmão e eu estamos passando por uma fase muito difícil. Há dois anos nossos pais sofreram um acidente de carro. Papai faleceu na hora, mas mamãe está no hospital, o estado dela é muito grave. Os médicos dizem que se ela sobreviver ficará com muitas seqüelas.
Penalizadas, Miriam e a mãe não encontravam palavras para dizer o quanto lamentavam o que havia acontecido e após um instante em silêncio, Paloma disse:
__Depois disso meu irmão largou a faculdade de Direito e começou a beber muito, eu também troquei de escola. Saí de uma particular para uma pública e consegui um emprego como garçonete. Vendi nossa antiga casa, não queria, mas não tinha outro jeito. Ofereceram um bom dinheiro por ela e eu não estava em condições de negar.
__Entendo. - Murmurou D. Mariana
__Foi minha tia quem me ajudou a encontrar essa casa. Ela e eu pedimos para André vender o carro, mas ele se recusou. Pedimos então para que ele arrumasse um emprego, mas ele também se recusou. Ele quase não pára em casa, eu nunca sei onde ele está. Hoje é meu dia de folga na lanchonete e por isso ao vê-lo sentado no sofá vendo televisão, rindo do que via como se tudo estivesse bem, eu me descontrolei e comecei a gritar com ele e ele, bem, ele se descontrolou mais do que eu.
D.Mariana abraçou Paloma e disse:
__Pelo o que vejo seu irmão está sofrendo muito com o que aconteceu. E por isso está bebendo tanto. É o modo que ele encontra de esquecer por alguns instantes a sua dor. Mas isso não dá a ele o direito de te bater nem de viver as suas custas.
__Nós nos dávamos muito bem antes do acidente. Mas agora eu confesso que tenho medo dele, olho para ele e não o reconheço mais. Ele só tem vinte e quatro anos, mas aparenta ser muito mais velho. A bebida está acabando com ele fisicamente e psicologicamente.
__Ele irá precisar de uma ajuda profissional, você sabe disso, não sabe? - Perguntou D.Mariana
__Sei, eu acabei de ligar para minha tia e contei o que aconteceu. Ela me disse a mesma coisa. O difícil será convencer o meu irmão disso.
D.Mariana olhou para Paloma de um modo maternal e disse:
__ Se precisar de ajuda é só chamar. E se precisar apenas de alguém para conversar também pode chamar.
Paloma sorriu e agradeceu. Miriam e a mãe voltaram para casa.
__Quando você me contou o que havia acontecido, eu imaginei que era uma briga de marido e mulher.
__É, eu também! Não pensei que fossem irmãos. - Disse Miriam lembrando do rosto de André e acrescentando em seguida: __ Eu também pensei que ele fosse mais velho.
__Eu também. Paloma tem razão, o vício está acabando com ele. Espero que ele aceite receber ajuda profissional e tome jeito.
__Eu também – disse Miriam com sinceridade.
Tudo o que Paloma havia dito tinha mexido muito com ela. Vendo o quanto Paloma e André estavam sofrendo a fez ver que não tinha problema nenhum. Não tinha nenhum motivo para sofrer realmente. Depois do que tinha acabado de ouvir, o seu amor não correspondido por Bruno, os ciúmes que sentia ao vê-lo com Érica, o comportamento um tanto distante de Amanda, tudo isso perdeu metade da importância que ela estava dando minutos antes de entrar naquela casa.
__Veja, filha, uma carta aqui embaixo da porta. - Disse D.Mariana pegando o envelope e o entregando a Miriam dizendo: __É para você!
Miriam olhou o envelope a procura do nome de quem havia enviado, mas não havia remetente.
Curiosa, ela o abriu rapidamente sentindo que empalidecia ao ler:

Você está com frio?
Eu estou com muito frio agora.
Eu sempre estou com muito frio.
“Ele sabe quem eu sou! Ele sabe onde eu moro!” pensou Miriam tomada pelo pânico.
Para não preocupar a mãe, Miriam disse que a carta era de Bruno pedindo para que eles voltassem a ser amigos.
__Ele está pedindo isso de novo? Mas que rapaz insistente! Diga a ele para ser amigo da namorada dele.
__Vou fazer isso. - Murmurou Miriam subindo para o quarto e se jogando na cama ainda com a carta nas mãos.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Oitavo capítulo


8
Horas depois, Miriam se encontrava deitada na cama fazendo os seus exercícios de História quando começou a ouvir vozes que vinham da casa ao lado.
__Você é um irresponsável, André! É isso o que você é! - Gritou uma voz feminina fazendo com que Miriam fechasse o caderno e apurasse os ouvidos a fim de ouvir melhor a conversa.
__Você sabe que estamos passando por dificuldades financeiras e só quer saber de se divertir! Quando é que você vai se tornar um homem? – continuou a voz feminina aos gritos e um som de um tapa se fez ouvir logo em seguida.
Miriam levantou da cama e correu para a janela de onde pode ver uma mulher caída no chão e o seu novo vizinho em pé dizendo em um tom de voz furioso:
__Isso é para você aprender a cuidar da sua própria vida!
Com uma mão sobre o rosto, a mulher soluçou alto enquanto o homem saía batendo a porta atrás de si com força.
Apesar de saber que não devia estar espiando a vida dos vizinhos como estava fazendo, Miriam não se moveu. Estava horrorizada demais para fazer isso.
Só após um barulho de carro partindo a toda velocidade ser ouvido que a mulher, com certa dificuldade, se levantou e logo seus olhos encontraram os de Miriam que embaraçada por ter sido descoberta ali não sabia o que dizer.
Foi a mulher quem falou:
__Você viu o que ele fez?
__Sim – confessou Miriam acrescentando – E eu sinto muito.
A mulher se aproximou mais da janela e antes de fechá-la, disse, dando um sorriso triste:
__Não sinta. Isso não ajuda em nada.
Miriam ficou olhando para a janela fechada sem saber o que pensar. Sentia pena da mulher e muita raiva do homem. Queria logo que seus pais chegassem para que ela pudesse dizer o que tinha acontecido. Eles tinham que saber que o novo vizinho era um monstro.
O telefone tocou tirando-a de seus pensamentos. Ao atender ela ouviu uma voz de homem dizer:
__Eu estou com muito frio! Preciso de você para me aquecer! Só você pode fazer isso!
__Quem é que está falando? - perguntou Miriam em um misto de irritação e surpresa
__Por favor, me aqueça! – Pediu a voz desligando em seguida.
Miriam ficou com o telefone na mão. Sem saber o que pensar. Por que esse homem ficava ligando para ela? E por que dizia essas coisas?

Sexto e sétimo capítulos


6
Não demorou muito para a segunda feira chegar e logo Miriam já estava indo para a escola. Assim que chegou, ela olhou em volta procurando por Amanda e a encontrou sentada embaixo de uma árvore.
__Oi, Manda.- Ela disse enquanto sentava ao lado dela
__Ah, oi.
__Manda, o que tá acontecendo com você? Você tava super estranha no sábado quando fomos ao cinema, mal falou comigo. E ontem eu liguei pra você o dia inteiro e sua mãe sempre dizia que você tinha ido à rua comprar alguma coisa, aí eu ligava pro seu celular, mas ele estava sempre desligado.
__É, meu celular é horrível. Não funciona direito, vou comprar outro. Você deveria comprar um pra você também.
Miriam percebeu que ela estava fugindo do assunto, mas antes que pudesse dizer algo o sinal tocou avisando que a aula iria começar.
Amanda levantou-se rapidamente e saiu andando. Sem entender o porquê de a amiga estar agindo tão estranhamente, Miriam fez o mesmo, mas antes de chegar até o portão de entrada sentiu alguém segurar seu braço fortemente.
Ela virou-se e viu que era Érica quem a estava segurando.
__Nós precisamos conversar! - Disse Érica fuzilando-a com os olhos.
__Sobre? - Perguntou Miriam puxando o braço bruscamente e olhando-a da mesma forma.
__Eu quero saber o que o meu namorado foi fazer na sua casa no sábado!
__Pergunte a ele. - Respondeu Miriam dando-lhe as costas, mas Érica segurou-lhe o braço novamente e disse:
__Já fiz isso, mas agora quero ouvir o seu lado da história.
Miriam suspirou fundo e disse:
__Bruno foi me dizer para mantermos a nossa amizade. Ele disse que sente falta de mim como amiga e que é apaixonado por você. Agora solta o meu braço.
Érica abriu um sorriso triunfante e largou o braço de Miriam dizendo em seguida:
__Mas você não quer só a amizade dele, não é Miriam?
__O que eu quero é problema meu. Mas já que está tão interessada, eu dispensei a amizade do seu namorado porque nem isso eu quero mais dele.
Érica manteve o mesmo sorriso de triunfo no rosto enquanto Miriam lhe dava as costas.
__O que houve? Por que demorou tanto para entrar? - Perguntou Amanda assim que Miriam sentou ao lado dela na sala.
__Estava conversando com a Érica.
__Com a Érica? - Estranhou Amanda e Miriam disse:
__É que ela soube que o Bruno esteve lá em casa no sábado.
__O Bruno esteve na sua casa no sábado? Por que não me contou isso?
__Porque você não me deu oportunidade. Esqueceu do quanto estava estranha no sábado à noite e de que não atendeu nenhuma das minhas ligações ontem? - Respondeu Miriam asperamente em um tom de voz mais alto, fazendo com que Marta, a professora de História, dissesse:
__Miriam e Amanda! Silêncio, por favor!
Miriam e Amanda calaram-se e fixaram o olhar no quadro negro à frente. Alguns minutos depois Érica entrou na sala acompanhada de suas duas amigas inseparáveis, Bianca e Carla.
As três se desculparam pelo atraso, mas Marta que já estava acostumada com isso as ignorou por completo.
Érica e Carla foram para o fundo da sala onde sempre sentavam sem olhar para ninguém. Bianca as seguiu, mas ao passar por Miriam a olhou tristemente e Miriam não teve dúvidas de que tinha sido ela quem havia dito para Érica sobre a visita de Bruno.
“Idiota!” pensou Miriam olhando-a com desprezo por segundos antes de virar a cara.
7

A última aula daquela manhã foi de Matemática. Quando Paulo entrou na sala algumas alunas suspiraram, fazendo com que Miriam lembrasse das palavras da mãe:
“... elas podem começar a vê-lo com outros olhos e vice-versa”.
__Irei dizer agora a nota que cada um de vocês tirou no teste. - Disse Paulo ajeitando melhor os óculos sobre o nariz e dizendo em seguida:
__Amanda Motta tirou nota nove. Parabéns!
Amanda arregalou os olhos, visivelmente surpresa enquanto Paulo continuava dizendo a nota dos outros alunos seguindo os nomes da lista de chamada.
__Érica Bastos tirou nota quatro. Será necessário que você se esforce mais na próxima.
O sorriso estampado no rosto de Érica se desfez, mas percebendo que Miriam a estava olhando, ela disse em voz alta:
__Vou pedir para o meu namorado me dar umas aulas particulares. Ele é ótimo em Matemática, aliás, ele é ótimo em tudo!
Miriam não pôde deixar de lembrar de uma tarde em que Bruno a havia ajudado a fazer algumas equações dando-lhe um beijo cada vez que ela acertava. Mesmo sem querer, ela acabou visualizando ele fazendo isso com Érica.
Para afastar essa imagem da mente, ela fixou o olhar em Paulo que continuava dizendo as notas dos alunos.
__Que nota você acha que tirou? - Perguntou Amanda.
__Não sei, mas ficarei feliz se for uma nota maior do que dois. - Respondeu Miriam esfregando uma mão na outra tentando assim espantar o nervosismo que começava sentir.
__Miriam Campanatti, nota dez. Meus parabéns!
Nota dez? Será que ela tinha ouvido bem? Não era possível! Abobalhada, Miriam sorriu para Paulo enquanto ouvia a voz de Érica dizendo:
__Ela deve ter colado de alguém!
Miriam iria virar para devolver o comentário, mas Rodrigo que sentava a sua frente foi mais rápido e olhando para Érica disse:
__Engraçado, se ela colou de alguém porque ela foi a única da turma que tirou dez?
Érica abriu a boca, mas antes que dissesse algo, Amanda falou:
__Não fique tão preocupada, Érica. De você nós sabemos que ninguém colou afinal você foi a única que tirou quatro.
O rosto de Érica ficou vermelho de raiva. Carla também olhou com raiva para Amanda, mas Bianca fingiu que procurava algo na mochila para que ninguém visse que assim como o resto da turma também estava rindo.


__Quer almoçar lá em casa, Manda? - Convidou Miriam assim que saíram da escola.
__Não, obrigada. Vou direto pra casa. Tô com dor de cabeça.
Miriam ficou vendo Amanda se afastar e lamentou que a amiga tivesse voltado a ficar estranha já que no final da aula ela tinha feito todos rirem e parecia ter voltado ao normal.
__Paciência. - murmurou Miriam dirigindo-se a barraquinha de doce mais próxima para comprar alguns bombons.
__Cuidado para não engordar, Mi! - Disse uma voz atrás de si e virando Miriam viu Cláudio, o namorado de Amanda.
__Oi, Cláudio. Você tá atrasado! A Amanda já foi embora.
__Não vim ver a Amanda. - Disse Cláudio ficando sério e acrescentando em seguida:__Vim só pegar um livro emprestado na biblioteca. Outro dia a gente se fala, tchau.
Tendo a nítida impressão que Cláudio havia mentido, Miriam guardou os chocolates na mochila e pôs se a caminhar.
Era visível que as coisas não estavam bem entre ele e Amanda. Se pelo menos ela pudesse ajudar, mas como se Amanda preferia não falar sobre o assunto?

Quinto Capítulo


5
__O que houve, Manda? - Perguntou Miriam pela terceira vez, mas Amanda ignorou sua pergunta mais uma vez e disse simplesmente:
__Esse filme parece ser muito bom, li a crítica dele. Parece ser assustador.
Percebendo que ela não queria falar sobre Cláudio, Miriam disse:
__Achei que você preferisse ver uma comédia ou um romance. Você nunca gostou muito de filmes de terror.
__Digamos que hoje eu estou a fim de ver cabeças rolando e sangue jorrando para todos os lados. - Murmurou Amanda.
Miriam estranhou o comentário da amiga. Definitivamente, algo de ruim havia acontecido para deixar Amanda tão amargurada.
__Miriam? Amanda? - Chamou uma voz atrás delas e ao virar-se Miriam deparou-se com o seu novo professor de Matemática.
__Oi, Professor, tudo bem? - Disseram Miriam e Amanda juntas
__Tudo, meninas. Mas não estamos na escola, portanto me chamem apenas de Paulo, certo?
__Certo. - respondeu Miriam sorrindo.
Ela havia simpatizado com ele desde o seu primeiro dia de aula. Ele explicava Matemática com calma e paciência e por isso ela estava começando a entender e até mesmo gostar dessa que sempre foi considerada sua matéria mais difícil e odiada.
__É a primeira vez que venho ao cinema nessa cidade. - Disse Paulo ajeitando os óculos sobre o nariz e acrescentando em seguida: __ Eu sempre gostei muito de ir ao cinema.
__Nós também gostamos muito, não é, Manda? - disse Miriam olhando para a amiga que estava com um olhar distante. Provavelmente pensando em Cláudio.
Miriam balançou a mão em frente aos olhos dela dizendo:
__Olá! Tem alguém aí?
__Pára de palhaçada, Miriam. - Disse Amanda asperamente afastando a mão de Miriam de seu rosto e perguntando para Paulo:
__Profess...quer dizer Paulo, aquele teste que fizemos na semana passada, quanto foi que...
__Ah, não! Por favor, não me pergunte nota de teste agora. Eu direi na segunda-feira, mas não há motivo para ficarem preocupadas. Aquele teste foi só para saber o quanto vocês sabem da matéria. Precisava saber exatamente até onde vocês tinham ido com o professor anterior para continuar o trabalho dele da melhor forma possível. Só isso.
__Entendi. - Disse Amanda voltando a ficar pensativa.
Miriam continuou conversando com Paulo e agradeceu mentalmente por ele estar ali porque assim o modo estranho de Amanda agir não iria incomodá-la tanto.
Eram quase onze horas da noite quando Paulo parou o carro em frente à casa de Miriam após terem deixado Amanda em casa.
__Muito obrigada pela carona, Paulo. - Disse Miriam sorrindo.
__Não precisa agradecer. Foi um prazer e além do mais eu não moro longe daqui.
Miriam sorriu novamente e saiu do carro.
__Quem era no carro, filha? - Perguntou sua mãe que estava olhando pela janela.
__Meu professor de Matemática. Amanda e eu encontramos com ele no cinema e ele nos ofereceu carona.
__Ah, sim. Ele pintou os cabelos?
__O que, mãe?
__Os cabelos dele não eram brancos?
__Ah, a senhora está confundindo. Quem tinha cabelos brancos era o professor Bernardo que se aposentou há quase um mês. Esse que me trouxe é o Paulo, ele tem os cabelos castanhos mesmo. Não é tão velho quanto o professor Bernardo. Acho que ele deve ter uns trinta e dois ou trinta e cinco anos no máximo.
__Isso é um perigo!
__Perigo por que, mãe? - Perguntou Miriam achando graça nas palavras dela.
__Porque ele está lidando com garotas de dezesseis e dezessete anos.
__E?
__E que elas podem começar a vê-lo com outros olhos e vice-versa.
__Nada a ver, mãe.
__Espero que não tenha nada a ver mesmo. - Disse D. Mariana ainda olhando pela janela com um ar preocupado. Ainda achando graça na preocupaçãp da mãe, Miriam foi para o quarto.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Quarto Capítulo


4

Alguns minutos depois o telefone tocou.
__Você está com frio? - Perguntou a voz do outro lado da linha.
__Não, eu não estou com frio! E não quero mais que você ligue para a minha casa, ouviu bem?
Silêncio. Nenhuma resposta. Mas ele ainda estava do outro lado da linha, ela podia ouvir sua respiração pesada.
__Sabe de uma coisa? Você é ridículo! - Disse Miriam antes de desligar o telefone.
Um vento gelado entrou pela janela fazendo com que ela se arrepiasse. “Droga de inverno” pensou esfregando os braços e caminhando em direção a janela para fechá-la, mas antes que fizesse isso um homem apareceu.
Miriam gritou e recuou.
__Desculpe, não quis assustá-la. Sou seu novo vizinho, me mudei para cá há três semanas. - Disse o homem apontando para a casa ao lado da dela.
__O-o que você quer?
__É que me disseram que aqui mora um mecânico e eu estou com um problema com o meu carro. Pensei que ele poderia me ajudar.
__Meu pai não está, mas ele não deve demorar. Eu peço a ele para ir falar com você assim que ele chegar.
__Muito obrigado, menina e me desculpe pelo susto. Eu iria apertar a campainha, mas você me viu antes.
__Tudo bem. - Disse Miriam sem graça por ter gritado enquanto o homem se afastava sorridente tendo na mão um objeto que antes de fechar a janela, ela pôde ver que era um celular.

Quando seus pais chegaram, Miriam contou sobre o vizinho e seu pai disse:
__Hoje é meu dia de folga, mas devemos ser legais com os nossos vizinhos. Vou lá ver qual é o problema.
__Você chorou novamente, Miriam? - Perguntou sua mãe olhando-a intensamente e Miriam falou sobre a visita de Bruno.
__Isso vai passar, filha. Eu sei que vai. Eu também já gostei de rapazes que não gostavam de mim antes de conhecer o seu pai. Por isso acredite quando eu digo que isso passa.
Miriam sorriu e a mãe se dirigiu para a cozinha para preparar o almoço.
Eram quase seis horas quando o telefone tocou. Miriam olhou para ele de cara feia imaginando se seria novamente o idiota que falava que tava com frio, mas seu pai atendeu e disse em seguida:
__Para você, Miriam, é a Amanda.
__Oi, Mandinha!
__Oi, Miriam. Quer dar uma volta? Ir ao cinema, fazer alguma coisa, sei lá.
Miriam estranhou a voz da amiga. Amanda parecia estar triste.
__Podemos ir ao cinema sim, mas o que houve? Você não devia estar com o Cláudio hoje?
__Devia sim, mas eu não quero. Não depois do que ele me disse, mas eu não quero falar sobre isso.
__Entendo. Então eu vou me arrumar e dentro de uma hora no máximo eu passo aí na sua casa, tá?
__Tá. - Respondeu Amanda.
Assim que desligou, Miriam subiu as escadas correndo em direção ao quarto enquanto pensava no que Cláudio poderia ter dito de tão grave para Amanda.

Terceiro Capítulo



3

Miriam olhou-se no espelho. Sua imagem não era das melhores. Seus olhos estavam inchados e denunciavam que ela havia chorado muito durante a noite. Para sua sorte, era sábado e ela não iria precisar ir para escola.
__Você andou chorando, filha? – Perguntou Sr. Jorge assim que Miriam sentou à mesa para tomar café.
__Não. - Mentiu Miriam sem olhar para ele.
__Eu ontem vi aquele rapaz que você namorou. Como era mesmo o nome dele? Bruno?
“Ah, não! A última coisa que eu quero falar é sobre ele.” Pensou limitando-se a fazer um gesto afirmativo com a cabeça enquanto passava manteiga no pão.
__Ele estava abraçado com uma garota.
“Érica” pensou Miriam fechando os olhos com força por um instante.
__Você é muito mais bonita que a jovem com quem ele estava abraçado ontem. Se ele não enxerga isso é porque é um idiota e você não deve chorar por um idiota.
Miriam olhou para o pai com carinho e sorriu. Sabia que apenas ele podia dizer que ela era mais bonita do que Érica, mas depois do que Bruno havia feito na noite passada, ela tinha que concordar com a parte que dizia que ele era um idiota.
Um pouco mais tarde, os pais de Miriam saíram para fazer compras e ela ligou o rádio enquanto varria a sala.
Uma música animada tocava, fazendo com que ela aumentasse o volume e começasse a cantar e dançar afastando assim a tristeza que sentia.
A campainha tocou e Miriam correu para olhar pelo olho mágico da porta antes de abrir, sentindo seu coração quase parar de bater ao ver que era Bruno quem estava ali.
“Eu não vou abrir” pensou cruzando os braços em frente ao corpo, mas o som da campainha se fez ouvir novamente e após respirar fundo, ela olhou rapidamente para a sua imagem refletida no espelho.
Seus cabelos estavam presos em um coque frouxo, ela os soltou e os ajeitou com os dedos. Sua respiração estava acelerada em parte pelo fato dela ter dançado como uma louca e em parte por saber que Bruno estava do outro lado da porta.
Mais uma vez a campainha tocou insistente e mesmo sem saber o que dizer para ele, Miriam abriu a porta.
__Oi, Mi. - Ele disse sem jeito perguntando em seguida: __Posso entrar? Eu preciso falar com você.
Miriam abriu mais a porta e ele entrou. Durante segundos, eles ficaram em silêncio, apenas se olhando. Foi Miriam a primeira a falar:
__E então? O que é que você tem pra me dizer?
__Bem, primeiro eu quero te pedir desculpas por ontem. Aconteceu um imprevisto, eu tive que...
__Por favor, diga logo o que você quer porque eu tenho muito que fazer hoje.
__Eu sinto sua falta, Miriam.
Miriam sentiu vontade de se atirar nos braços dele e dizer que também sentia muito a falta dele, mas ao invés disso perguntou:
__E a Érica?
__A Érica é a minha namorada, eu gosto muito dela. Na verdade eu estou apaixonado por ela.
__Então por que você está aqui dizendo que sente a minha falta?
__Porque além de namorados, nós éramos amigos. Você era a minha melhor amiga e desde que eu comecei a namorar a Érica que mal nos falamos. Por isso que eu queria conversar com você. Para que pudéssemos ter a nossa amizade de volta. Eu sinto muita falta de conversar com você.
“Amigos”?!”Conversar”?!Era doloroso demais ouvir aquelas palavras dele. Sem conseguir agüentar mais aquela tortura, Miriam abriu a porta e apontou para a rua dizendo com a voz ligeiramente trêmula:
__Eu sinto muito, mas não posso continuar sendo sua amiga. Aliás, eu prefiro que você finja não me conhecer quando me vir em algum lugar porque é exatamente isso que eu vou fazer quando te encontrar de hoje em diante.
Bruno olhou-a surpreso, mas depois disse em um tom de voz magoado:
__Tudo bem. Vou fazer isso.
Miriam fechou com força a porta atrás dele assim que ele saiu e se encostou a ela sem poder conter os soluços doloridos que escapavam de seus lábios enquanto grossas lágrimas rolavam por seu rosto.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

2 Capítulo



2
Eram quase cinco horas da tarde quando o telefone tocou e ao atendê-lo, Miriam ouviu a mesma voz da noite anterior perguntando:
__Você está com frio?
__Escuta aqui palhaço, eu não tenho tempo para brincadeiras, ouviu? Vai perturbar a sua mãe!
E desligou o telefone.
__Com quem você estava gritando no telefone, Miriam? - Perguntou sua mãe vindo da cozinha.
__Ah, com um idiota que não tinha nada mais importante pra fazer do que perturbar os outros.
O telefone tocou novamente e Miriam atendeu pronta para gritar de novo, mas para sua surpresa a voz masculina que ouvia agora era conhecida. Muito conhecida. Era de Bruno.
__Oi, Miriam. Eu tava querendo falar com você.
__Pode falar, Bruno. - Disse tentando parecer o mais natural possível embora sentisse o coração na garganta.
__Por telefone não dá. Será que podemos nos encontrar na pracinha? Naquela pracinha onde começamos a namorar?
__Eu acho melhor nós não... - começou a dizer Miriam, mas Bruno a interrompeu dizendo:
__Te espero lá hoje às oito. Tudo bem pra você?
Quando Bruno falava daquele modo tão decidido ficava impossível dizer não pra ele e foi por isso que após pensar um pouco, Miriam respondeu:
__Tudo bem, estarei lá às oito.

Dez para as oito, Miriam já estava sentada em um banco de pedra na pracinha esperando por Bruno.
Oito horas e Bruno ainda não tinha chegado, mas ela o conhecia bem e sabia que ser pontual não era uma característica dele.
Oito e dez, Miriam começou a esfregar uma mão na outra na tentativa de espantar o frio e o nervosismo. Em vão.
Oito e quinze, Miriam sentiu que alguém a observava e olhou ao redor, mas não havia ninguém por perto. Ao longe era possível ver um pipoqueiro empurrando seu carrinho de pipoca. Cada vez mais nervosa ela passou as mãos pelo cabelo colocando alguns fios por trás da orelha.
Oito e meia, Miriam começou a ter a horrível sensação de que Bruno não iria mais aparecer. “Por que ele fez isso comigo? Eu não deveria ter vindo! Não deveria estar aqui! Sou uma idiota mesmo!” pensou enquanto tentava decidir se continuava ali sentada ou voltava para casa. Por fim acabou resolvendo ficar mais um pouco.
Oito e quarenta, um morcego voou baixo assustando Miriam que se levantou de um pulo e foi para casa dizendo a si mesma que nunca mais iria querer ver Bruno na sua frente.
Ele a viu caminhar rapidamente. Podia perceber que ela estava sofrendo. Podia perceber que ela sentia frio do mesmo modo que ele também estava sentindo.
Ele a tinha visto sentada na pracinha, tinha desejado abraçá-la, mas ao perceber que ela havia notado que era observada, se conteve escondendo-se atrás de uma árvore.
Ele tinha que se controlar, não podia pôr tudo a perder. Tinha que continuar com o seu plano e só assim iria conseguir ter o amor dela e acabar de uma vez com o frio que sentia.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Você está com frio?



Olá!

Voltei, como tinha prometido, com o primeiro capítulo do livro "Você está com frio?"

1

Miriam acordou com o barulho do telefone tocando. Zonza de sono, ela o retirou do gancho e ouviu uma voz masculina perguntar:
__Você está com frio?
Sem entender, ela perguntou:
__Quem está falando?
__Alguém que está com muito frio.
__E o que eu tenho a ver com isso? - perguntou Miriam impaciente.
Dessa vez não houve resposta. Apenas o som de uma respiração pesada indicava que alguém ainda estava do outro lado da linha.
Irritada, Miriam desligou o telefone e voltou para a cama.
Não muito longe dali, ele ainda segurava o fone junto ao ouvido, ansiando poder ouvir novamente a voz dela.

Miriam olhava para o quadro negro a sua frente quando ouviu Érica dizer para outras garotas:
__Bruno é tão carinhoso! Ele me deu flores ontem e me disse que está completamente apaixonado por mim e que nunca se sentiu assim antes.
Miriam mordeu o lábio inferior e fechou os olhos com força. Ainda era doloroso ouvir Érica contar detalhes de seu relacionamento com Bruno.
Amanda que estava sentada ao seu lado, disse furiosa:
__Ela é tão ridícula! Fica falando essas coisas só pra te irritar, só porque sabe que você ainda gosta dele.
__Eu não gosto mais dele! Por mim ela pode dizer o que quiser! Eu não me importo. - Disse Miriam dando de ombros e para mudar de assunto, falou: __Ontem à noite, eu recebi um telefonema estranho.
__Estranho? Como assim?
__Uma voz de homem que eu nunca ouvi na vida, me perguntou se eu estava com frio e depois disse que ele estava com muito frio.
__E aí?
__Aí eu desliguei.
__Nossa, sinistro! - Exclamou Amanda arregalando os olhos, Miriam não pôde deixar de rir da expressão assustada da amiga. Amanda sempre se impressionava com muita facilidade.

Quando o sinal tocou avisando que a aula tinha terminado, Miriam olhou para Amanda e perguntou:
__ Quer ir almoçar lá em casa?
__Ah, hoje não vai dar, Mi. É que eu fiquei de ir ao Shopping depois da aula com o Cláudio. Nós vamos comer um sanduíche por lá mesmo. Quer ir com a gente?
__E ficar de vela? Não, obrigada! - Respondeu Miriam rindo, mas logo seu sorriso se desfez quando ao se aproximar do portão viu Bruno beijando Érica.
O ciúmes trouxe lágrimas aos seus olhos e para evitar que a vissem daquele jeito, ela deu tchau para Amanda e se afastou desejando chegar em casa o mais rápido possível para que pudesse se trancar no quarto, se jogar na cama e chorar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Retornando

Após dias sem postar nada, eu voltei. Espero que tenham curtido a história anterior. Eu gostei tanto dela que estou trabalhando em uma continuação. Dessa vez o foco será a vida amorosa de Clarissa. Só posso adiantar que criei para ela alguém tão adorável quanto o Ezequiel.

Em breve, eu irei começar a postar aqui a história "Você está com frio?" para que todos possam conhecer a história de Míriam Campanatti.

Hoje, eu preparei uma lista de dez livros que li e gostei:

As cinco pessoas que você encontra no céu (Mitch Albom)- Demorei muito para decidir ler esse livro. Imaginei que fosse um daqueles livros de auto-ajuda que só ajudam ao autor, mas assim que li a primeira página eu fiquei encantada pela história.O autor escreve de um modo que nos faz não querer parar de ler. A imagem que ele tem do céu e do que acontece conosco quando morremos é tocante, diferente de tudo o que já tinha lido. Uma história simplesmente linda!

* Para quem, infelizmente não gosta ou não está com tempo para ler o livro, pode encontrar o filme em DVD nas locadoras. Não vi o filme, mas me falaram que está fiel ao livro.

Quem manda em mim sou eu (Fanny Abramovich) - Li esse livro quando ainda era adolescente e me identifiquei com várias situações pelas quais passam a personagem principal da história. De um modo muito engraçado, ela expõe suas idéias, dúvidas existencias, medos. Diante dos olhos do leitor, ela vai crescendo e amadurecendo a cada relacionamento que não dá certo, a cada discussão com os pais. Mesmo não falando das atuais ferramentas como orkut, twitter, blogs..., muitas adolescentes ainda irão se identificar com essa jovem.


Pecados Sagrados (Nora Roberts) - Esse é para quem curte um bom suspense policial. Nora Roberts, uma das mais famosas escritoras da atualidade, cria vários personagens envolventes nessa trama. Impossível não se apaixonar pelo detetive Ben e não torcer pelo romance dele com a psicóloga Tess. O destino dos dois se cruza quando mulheres que possuem as mesmas características físicas começam a aparecer mortas e junto dos corpos é deixado um bilhete onde diz "Seus pecados serão perdoados". Apesar de ter achado que o assassino foi alguém óbvio demais, eu gostei muito desse livro.

*Quem também se encantar com o casal Tess e Ben poderá encontrá-los no livro Virtude Indecente, porém nesse eles não são os principais. Esse suspense poderia ser melhor se a escritora não tivesse preferido dar mais destaque ao romance dos personagens principais que não tiveram o mesmo charme e encanto de Ben e Tess.


Uma luz no fim do túnel (Ganymédes José) - Essa história não é bonita e nem um pouco legal, mas é extremamente necessária! Todos os professores deveriam pedir que seus alunos lessem esse livro que fala de dois jovens que entram no horrível mundo das drogas. Os leitores acompanham, com riqueza de detalhes, a decadência deles. Li quando era adolescente e talvez tenha sido devido a tudo o que li que nunca tive vontade de entrar nesse mundo cruel.


A casa do penhasco (Agatha Christie) - Não poderia deixar um livro da dama do crime de fora. Li vários dela que são ótimos, mas esse foi o primeiro que me chamou a atenção por acreditar que ninguém consegue adivinhar quem é o culpado nessa história. Cheguei a reler o livro porque a principio achei que a escritora tinha errado e que a pessoa que ela tinha escolhido não podia ter cometido os crimes, mas que nada! Tudo se encaixava perfeitamente bem! Uma história que só uma mente privilegiada como a dela poderia escrever.Nem vou falar mais para não correr o risco de acabar entregando alguma pista.

Sem cachimbo nem boné (Isa Silveira Leal) - Esse adorável livro conta a história de cinco garotas - "nada além de 18 anos" que fazem um cruzeiro a Bahia com a avó. O livro é uma verdadeira viagem. Ouvimos do guia explicações sobre a cidade, nos divertimos com o romance a bordo e com o misterioso desaparecimento de um valioso anel que faz com que as cinco jovens resolvem dar uma de detetive. Leitura leve e deliciosa para todas as idades.

Nada dura para sempre (Sidney Sheldon) - O livro conta a história de três jovens médicas que se tornam amigas e decidem morar no mesmo apartamento. Ao longo da história conhecemos seus amores, família, amigos e principalmente o modo como cada uma lida com a medicina. Uma história impactante, cheia de reviravoltas que prende nossa atenção a cada página.

O fantasma de Lady Constance (Barbara Cartland) - Barbara Cartland é conhecida mundialmente por suas obras que falam sempre de amores puros que transformam um beijo em algo sublime. Em uma época em que o sexo anda tão banalizado, vale a pena ler e se encantar com qualquer livro dessa escritora. Aqui eu destaco "O fantasma de Lady Constance" que conta a história de uma jovem que se disfarça da fantasma do título para poder avisar ao homem que ama que a mulher com quem ele planeja se casar o está traindo.Lindinho!

* Os livros dela são facilmente encontrados em sebo pelo valor de R$2,00.

O escaravelho do diabo (Lúcia Machado de Almeida) - Nesse ótimo livro de suspense pessoas ruivas recebem um escaravelho antes de morrerem misteriosamente. Alberto, um jovem estudante de medicina e irmão de uma das vítimas parte em uma busca incessante pelo culpado.

* Há alguns anos li, não me recordo onde, que iriam fazer um filme baseado nesse livro. Espero que façam mesmo porque com certeza será um sucesso!

A vidente (R.L.Stine) - Esse livro faz parte da série Rua do Medo, mas cada história tem seu começo,meio e fim sem dependerem de outras. Essa, das poucas que li dessa série, é a melhor. Conta a história de uma jovem, que como o título diz, é vidente. Suas visões atrapalham sua vida e a assustam profundamente, mas pioram após ela encontrar o corpo de uma jovem assassinada.Em poucas páginas, com uma linguagem simples e atual, nós temos um ótimo suspense sobrenatural focado para o público adolescente, mas que irá agradar aos que já passaram dessa fase.

Outro dia volto com mais dicas!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010



__Sim, era isso o que eu ia dizer.
Clarissa ficou um instante em silêncio e depois perguntou:
__E você iria sacrificar seus sentimentos para fazer o que achava certo?
__Meus sentimentos estão confusos, Clarissa.
__Não, não estão, Ezequiel. Pelo menos para mim, eles estão claros o suficiente. E quer saber o que eu vejo?
Ezequiel a olhou sem nada dizer e ela continuou:
__Eu vejo um homem que acreditava amar uma mulher até descobrir que estava errado porque o que ele pensava ser amor era pequeno demais diante de um novo sentimento que uma outra mulher o despertou. Eu vejo um homem que não queria estar aqui olhando para mim agora e sim estar ao lado dela, mas eu vejo também que ele não vai admitir isso porque ele não quer me magoar. O carinho que eu vejo que esse homem sente por mim fez com que ele não desistisse de me salvar e iria fazer com que ele casasse comigo e guardasse para sempre seu grande amor dentro do peito.
Ezequiel queria poder negar cada palavra, mas não podia. Então tudo o que ele disse foi:
__Eu sinto muito por estar fazendo você ver isso.
Clarissa pousou a mão sobre a dele e disse:
__Não é culpa sua. Não é culpa de ninguém. Simplesmente aconteceu e eu não posso permitir que você despreze o verdadeiro amor que a vida está te oferecendo.
__O que quer que eu faça?
__Entregue esse anel para a mulher que o seu coração escolheu.
__Mas e você?
__E eu? Eu ficarei bem. Sei que a vida também me reserva um grande amor. Agora vá e seja feliz porque é assim que eu quero te ver sempre.
Ezequiel sorriu e a beijou respeitosamente na testa. Podia não amá-la mais como mulher, mas continuava nutrindo e sempre iria nutrir um afeto profundo por ela.
Quando ele saiu, as crianças entraram animadas querendo saber o final da história.
E Ezequiel também queria saber como a sua história terminaria. Ele queria o seu final feliz e para isso montou em seu cavalo e partiu em direção ao Clã das Colinas.

XXII
Alana ensinava as crianças a utilizarem o arco e a flecha quando ouviu o som de um cavalo se aproximando. Vendo que os guerreiros não estavam por perto, ela pegou o seu arco e flecha e se preparou para enfrentar o desconhecido, mas quando se virou e seus olhos encontraram Ezequiel, seu coração acelerou e ela ficou imóvel sem saber o que fazer. Desmontando do cavalo, Ezequiel se aproximou e olhando para o arco e a flecha das mãos dela, disse:
__Não era bem assim que eu esperava ser recebido.
__E como esperava? – ela perguntou com a voz enrouquecida pela emoção.
Sorrindo e sem desviar os olhos dos dela, Ezequiel retirou o arco e a flecha que ela segurava e atirando-os no chão, disse:
__Esperava te encontrar com os braços livres para me abraçar assim.
Ezequiel a trouxe para perto de seu corpo fazendo com que as batidas do coração dela aumentassem.
__Eu pensei que nunca mais fosse te ver, pensei que você fosse se casar com... – ela começou a dizer, com a voz ligeiramente trêmula, mas Ezequiel encostou a testa na dela e falou tudo o que ela tinha sonhado em ouvir nos últimos dias:
__Não poderia me casar com outra mulher quando é você quem está nos meus pensamentos, no meu coração e na minha alma.
Alana abriu a boca para dizer o quanto o amava e o quanto estava feliz, mas Ezequiel a silenciou com um beijo que tornava as palavras desnecessárias.

O sol começou a desaparecer por trás da montanha dando a terra um tom avermelhado. Ezequiel Villar achou que o tom era perfeito para aquele dia. O dia em que estava se casando com Alana Ruarte, a jovem guerreira que ele amava mais do que tudo.
Vendo a felicidade dos dois, todos os membros do Clã dos Rochedos e do Clã das Colinas abençoaram a união.


FIM